O assassinato de dois jornalistas a tiros durante a transmissão ao vivo de uma entrevista sobre turismo em Roanoke, Virginia (EUA) foi justificado pelo atirador como forma de vingar a discriminação e assédio que ele teria sofrido ao longo da vida, e também a morte dos fiéis da Igreja Metodista Africana Episcopal Emanuel, em Charleston, Carolina do Sul.
Vester Lee Flanagan, 41 anos, jornalista, era conhecido como Bryce Williams, pseudônimo que ele havia escolhido para sua carreira profissional. Negro, ele era membro das Testemunhas de Jeová, e alegou que estava transtornado pelo ataque feito por Dylann Roof à tradicional igreja da comunidade negra em Charleston.
“O ataque a tiros na igreja foi o ponto crítico […] mas a minha raiva estava aumentando continuamente… Tenho sido uma bomba humana há algum tempo… Só esperando para EXPLODIR!”, disse Flanagan, em um manifesto de 23 páginas enviado por fax à emissora ABC News na quarta-feira, 26 de agosto, pouco antes de se suicidar.
No documento, disse ter obedecido uma ordem do “Senhor” para vingar as agruras de sua vida. Flanagan era conhecido pelos colegas de trabalho como alguém de temperamento muito forte, e havia sido demitido da emissora WDBJ há dois anos por causa de seus constantes rompantes de fúria.
O atirador alegou, no documento enviado à ABC News, que sua decisão de assassinar os ex-colegas de trabalho e cometer suicídio na sequência tinha a ver com a discriminação racial e assédio que teria sofrido na WDBJ “por ser um homem gay negro”
A repercussão da notícia sobre o ataque aos jornalistas, ao vivo, foi ainda maior porque Flanagan filmou e divulgou o vídeo da morte dos ex-colegas. Em fuga do local do crime, ele foi perseguido pela Polícia do condado de Franklin e para não ser preso, atirou contra si mesmo.
O carro dele colidiu na estrada e os policiais o socorreram, levando-o ao hospital, porém ele não resistiu e morreu duas horas depois: “Obviamente este senhor era perturbado de alguma maneira. Pela maneira como as coisas aconteceram em sua vida, parece que as coisas saíram do controle”, comentou o xerife Bill Overton, de acordo com informações da BBC.
As vítimas de Flanagan, a repórter Alison Parker, 24 anos, e o cinegrafista Adam Ward, de 27 anos, morreram no local. A entrevistada, Vicki Gardner, foi atingida nas costas, mas foi socorrida e passa bem.
“Você envia pessoas para zonas de guerra e para situações perigosas, para confrontos e você se preocupa que elas vão se ferir […] Aí você envia alguém para fazer uma matéria sobre turismo, e então isso ocorre – como você pode esperar que algo como isso aconteça?”, questionou Jeffrey Marks, gerente da WDBJ, que é uma afiliada da ABC.
No vídeo abaixo, é possível ver os momentos que antecedem o ataque: