O aborto é um assunto que rende muitas polêmicas na sociedade, mas no meio cristão havia uma aparente unanimidade sobre a prática ser um atentado à vida e, automaticamente, um pecado. O termo “havia” é o que revela novidades no assunto: um radialista liberal divulgou um vídeo onde defende que há relatos bíblicos de que Deus aprova a prática.
O apresentador Kyle Kulinski disse que “a maioria anti-aborto afirmam obediência à palavra divinamente inspirada de Deus” e que a Bíblia “aparece em contradição com a postura anti-aborto”.
Kulisnki citou Oséias 9:14 para ilustrar seu argumento, dizendo que o profeta orou para que Deus recompensasse a tribo dos ímpios com “ventres que abortem e seios ressecados”. “Esta é a parte da Bíblia onde Deus realmente executa abortos”, disse o radialista, ignorando os dois versículos anteriores que dizem : “Ainda que venham criar seus filhos, contudo os privarei deles, para que não haja um homem de esquerda. Efraim levará seus filhos ao matador”.
Segundo o comentarista bíblico Matthew Henry, neste trecho “o profeta está realmente pedindo que as crianças não sejam concebidas e nascidas apenas para ser morto por inimigos”.
O radialista pró-aborto se define como defensor da liberdade de escolha sobre manter ou interromper uma gravidez. Em seu argumento, citou ainda o capítulo 5 do livro de Números, que fala sobre a maldição da infertilidade às mulheres que fossem culpadas de adultério, como se fosse uma prática de abortos: “Esposas traidoras estariam fazendo um aborto na Bíblia”, disse Kulinski, referindo-se ao trecho do texto em que as mulheres teriam que beber um “veneno que fariam suas barrigas incharem e jamais tivessem filhos”.
“Tudo o que Jesus disse é super hippie e super de esquerda, mas os cristãos conservadores desconsideram isso e eles se concentram sobre o aborto”, continuou Kulinski. “Não é sobre o que [a Bíblia] diz, é sobre o que seus preconceitos e preconceitos já existentes dizem”, atacou.
O portal Christian Post afirmou em sua página na web que a interpretação de Kulinski é “muito literal” e direcionada para seus próprios interesses, que é promover o aborto.
Assista ao vídeo (em inglês):
Por Tiago Chagas, para o Gospel+