Ayrton Senna está na galeria dos maiores heróis nacionais do esporte por suas conquistas, mas também pelo espírito combativo que expressava durante o período em que competiu na Fórmula 1, principal categoria do automobilismo mundial. Morto no dia 01 de maio de 1994 em um acidente em Ímola, Itália, até hoje o piloto é reverenciado por fãs e profissionais do esporte.
No entanto, uma faceta de Senna pouco divulgada pela mídia é sua fé. Em 1989 ele aceitou a Jesus Cristo como Salvador e desde então, sempre falava sobre Deus e Jesus em suas entrevistas. O filme documentário “Senna”, lançado em 2010, mostra muito da vida particular do piloto e trechos de declarações dadas por ele que, geralmente, são suprimidas das matérias sobre sua carreira.
Na última quarta-feira, 01 de fevereiro, a pastora Neuza Itioka, líder do Ministério Ágape Reconciliação, publicou em sua página no Facebook uma memória do dia em que orou, junto ao piloto, para entregar sua vida a Jesus. “Foi em meados de 1989 que tive a oportunidade de conhecer o Ayrton Senna. O nosso encontro foi através de sua irmã, Vivi Senna, que era minha amiga! A alegria no rosto dele enquanto orávamos para ele aceitar Jesus, até hoje está em nossas memórias”, introduziu.
“Poucos sabem, mas foi na sala de sua casa, de joelhos no chão, que Senna pediu para que Jesus entrasse em sua vida. Ter participado e orado para ele aceitar a Jesus como Único e Suficiente Salvador, foi um presente de Deus. Toda honra e glória ao Autor da Salvação, Jesus!”, concluiu Itioka.
A irmã de Ayrton, Viviane Senna, atualmente é membro de uma Igreja Presbiteriana e toca o Instituto Ayrton Senna, entidade que se dedica a projetos sociais ligados à educação de crianças. A iniciativa foi tomada pelo piloto ainda em vida.
Expressões públicas de fé
Na lápide do túmulo de Ayrton Senna há uma frase tocante, que diz muito sobre a caminhada espiritual do piloto: “Nada pode me separar do amor de Deus”. Em vida, as declarações sobre a importância da fé em sua carreira não foram poucas ou relativas: ele chegou a dizer ter visto Deus na última volta da última corrida do campeonato de 1988.
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“Eu tive o privilégio de ter essa experiência. No mundo em que a gente vive, para sentir, tem que ser a realidade. Isso aconteceu no Grande Prêmio do Japão. Na última volta da corrida, a volta que finalmente me daria a vitória do campeonato, eu comecei a agradecer e agradecer – porque nem eu mesmo conseguia acreditar que eu ia vencer finalmente o campeonato”, disse Ayrton durante o especial Roberto Carlos, veiculado pela TV Globo. “Eu senti a presença d’Ele, eu visualizei, eu vi. Foi uma coisa especial na minha vida, foi uma sensação enorme. É uma coisa que eu tenho gravada na minha memória e tenho como parte de mim. É um privilégio que eu tive, que pouca gente tem ou teve. Eu prezo muito isso”, acrescentou.
Posteriormente, em uma entrevista concedida em 1990, o piloto afirmou que sua conversão o havia proporcionado força extra para lutar pelas conquistas que ainda sonhava em obter no esporte: “Eu descobri, há um ano e meio ou dois anos, através de Jesus, uma força, uma fé incrível que me deu energia, tranquilidade e equilíbrio em muitos momentos de desequilíbrio, de dificuldades […] A partir do momento em que eu pude experimentar toda essa força, ter essa experiência que eu tive, foi algo que eu não larguei mais e não pretendo largar, porque é uma experiência fantástica”, ressaltou.
Enfático, Senna confirmou que realmente dedicava momentos antes das corridas para uma conversa com Deus: “Eu oro, sempre rezei, mesmo antes de me aproximar mais de Deus. Toda vez que eu entrava num carro, me dava mais paz, me dava mais tranquilidade. A partir do momento em que eu tive oportunidade de conhecer um pouco mais esse Deus Todo Poderoso, através de Jesus, experimentar Ele de uma forma mais viva, só melhorou essa condição de força, de energia, de fé. E isso tem sido fundamental na minha vida, desde então”.
Viviane Senna contou, no documentário sobre a carreira do irmão, que no dia em que sofreu o acidente fatal na curva Tamburello, Ayrton havia lido um versículo bíblico que o havia encorajado a ir às pistas, pois ele considerava não correr, mesmo tendo conquistado a pole position nos treinos.
Sua precaução se justificava, já que nos dois dias anteriores, dois acidentes gravíssimos haviam acontecido: Rubens Barrichello, em seu ano de estreia, bateu forte após decolar a 225 km/h na sexta-feira, 29 de abril; e o piloto austríaco Roland Ratzenberger morreu ao escapar da pista e colidir a 306 km/h, no sábado, 30 de abril.
“Naquela manhã quando ele acordou, pediu a Deus para falar com ele. Abriu a Bíblia e leu um texto que falava que Deus ia dar para ele o maior presente de todos os presentes. Que era Ele mesmo”, revelou Viviane Senna, contando como foi a última manhã do irmão.
Novo filme
A família de Ayrton Senna confirmou que em 2019, ano que marcará 25 anos da morte do piloto, será lançado um longa-metragem sobre a vida, carreira, morte e legado do tricampeão mundial de Fórmula 1.
De acordo com informações do jornal O Estado de S. Paulo, a família mantém em sigilo o estúdio e diretor escolhidos para produzirem o filme, assim como os demais detalhes do projeto. É certo que parte da renda será revertida para os projetos do Instituto Ayrton Senna.
O jornalista Ricardo Feltrin, do Uol, informou meses atrás que o projeto está em desenvolvimento e todos os detalhes devem passar pela aprovação dos familiares. Os roteiristas do longa-metragem já ouviram depoimentos de pessoas ligadas ao piloto, como Antonio Carlos de Almeida Braga, o Braguinha, o cantor Fagner, e seu antigo sócio, Bira Guimarães.