O relatório que pede a cassação do mandato do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi aprovado pelo Conselho de Ética da Câmara dos Deputados na tarde da última terça-feira, 14 de junho, por 11 votos a 9.
A deputada evangélica Tia Eron (PRB-BA) – que era apontada como decisiva no processo – votou a favor do relatório, assim como outros integrantes da bancada evangélica, como Sandro Alex (PPS-PR) e Marcos Rogério (DEM-RO), este último, relator do processo. O outro integrante evangélico do Conselho, Washington Reis (PMDB-RJ), votou a favor do conterrâneo Cunha.
Esse processo contra Cunha é movido levando em consideração que o presidente afastado da Câmara teria mentido à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigava o escândalo da Petrobras sobre não possuir contas no exterior, o que é considerado quebra de decoro parlamentar.
Após o anúncio do resultado da votação, Cunha divulgou uma nota afirmando que “o processo tem nulidades gritantes” e que irá recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), pois tem “absoluta confiança” de que conseguirá reverter a decisão.
O advogado do parlamentar, Marcelo Nobre, seguiu a mesma linha: “Vamos decidir sobre recurso à CCJ. Não há provas contra meu cliente”.
De acordo com o jornalista Guilherme Amado, colunista do jornal O Globo, é possível que Eduardo Cunha perca o mandato antes da decisão final sobre o impeachment de Dilma: “O relator Marcos Rogério estima que o plenário da Câmara receba o processo de cassação de Eduardo Cunha em 15 dias. Se Waldir Maranhão não demorar a pautá-lo, Cunha pode ser cassado no começo de julho — um mês antes da data prevista para o Senado votar o impeachment de Dilma Rousseff, 2 de agosto”, pontuou, lembrando que durante o segundo semestre de 2015, especulou-se que Cunha teria tentado costurar um acordo com Dilma para recusar os pedidos de impeachment contra ela, em troca dos votos do PT no Conselho de Ética, o que permitiria salvar seu mandato. No entanto, Cunha sempre negou que tivesse feito tal negociata, e aceitou analisar o pedido de impeachment elaborado pelos juristas Miguel Reale Jr., Hélio Bicudo e Janaína Paschoal.