Elinay Melo, juíza do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, foi duramente criticada pelo deputado Silas Câmara, líder da bancada evangélica no Congresso Nacional, após ela afirmar que a existência de igrejas em cada região do Marajó, no Pará, seria uma “desgraça”.
Na ocasião da sua fala, Elinay criticou o trabalho da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos do governo Bolsonaro, Damares Alves, por ter sugerido que seria bom o incentivo na região para a criação de fabricantes de calcinhas.
Isso porque, segundo Damares, a falta dessa vestimenta íntima aliada à pobreza se tornou parte de uma espécie de cultura local de exploração sexual infantil, de modo que essa iniciativa seria mais uma forma de reforçar o combate a esse tipo de crime, ao mesmo tempo de gerar empregos para a região.
A juíza, no entanto, criticou: “O projeto de poder deles passa pelas igrejas evangélicas, é a forma que eles têm de capilarização. Nesses lugares do Marajó em que a gente vê uma ausência total do Estado, se ela [ministra Damares Alves] botar uma igreja evangélica em cada lugar, vai dar uma desgraça”, disse a magistrada.
Silas Câmara, por sua vez, parabenizou Damares pelo que vem realizando na sua pasta desde o início do ano. “Quero em nome da Frente Parlamentar Evangélica parabenizar a Ministra, Damares pelo espetacular trabalho a frente do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos”, disse ele.
Como representante da bancada evangélica, Silas Câmara falou em “repudiar os comentários da Magistrada durante sua entrevista, a juíza perdeu a chance de se calar, que provocou em toda sociedade de bem no Brasil a repulsa pela sua atuação como magistrada”, disse ele.
Damares Alves vem sendo alvo de ataques desde o início da sua gestão na pasta de Direitos Humanos. Contudo, a maior parte deles vem de ativistas da esquerda ou simpatizantes do governo anterior. Em sua fala, a juíza Elinay Melo também mostrou simpatia com a era petista ao criticar à atual gestão.
“A Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo, que é nacional, começou no governo Lula, e teve uma boa atuação até o governo Dilma. Aqui no Pará, o governo era do PSDB, a comissão funcionava dentro da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos e tinha uma boa atuação”, disse ela.
“Mas agora o governo do estado foi pro MDB, que deu a secretaria para o PSL. A secretaria está morta, a gente não ouve mais falar de nada”, completou.