A militância LGBT vem sendo, aos poucos, confrontada com os casos de ex-gays que mudaram de comportamento e abandonaram a homossexualidade. O testemunho de uma pastora que viveu por 20 anos se relacionando com outras mulheres é um dos casos.
Miriam Fróes hoje é pastora da Igreja Manancial Palavra Viva, mas nem sempre foi assim. Antes, a partir de sua adolescência, ela se relacionou apenas com mulheres, e a forma descompromissada que caracterizava seus casos a levou a uma reflexão e, posteriormente, a uma mudança de atitude.
“Eu trocava muito de parceira e aquilo foi causando crises existenciais em mim”, contou a pastora ao Universa, publicação do portal Uol voltada ao público LGBT. Em sua busca por respostas, descobriu a mensagem do Evangelho, entregou sua vida a Jesus Cristo e abandonou a homossexualidade.
Agora, em tempos de debates agudos sobre o tema, Fróes se dedica ao Movimento Ex-Gays do Brasil (MEGB). “Nós não estamos aqui para discutir se se nasce ou não gay, se há ou não cura para a homossexualidade. Acho que cada um tem o direito de viver a sua vida como deseja viver. Agora, se eu fui homossexual durante quase 20 anos e abandonei esse estilo de vida, eu gostaria também que as pessoas me olhassem e não duvidassem de mim”, afirmou a pastora.
Recentemente ela e seu grupo de ação social foram recebidos pela ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves. Na reunião, a pastora aproveitou para tornar a situação de preconceito enfrentada por ex-gays na sociedade.
“Gostaríamos que o Ministério desse o mesmo reconhecimento e respaldo que dá aos outros movimentos. Queremos um reconhecimento apenas no direito de existir. Ela nos recebeu e levamos um material da nossa existência. E pedimos para que o Ministério, assim como faz com o movimento LGBT, com os índios ou com qualquer classe que pede apoio e reconhecimento, pudesse contemplar a nossa existência”, destacou Miriam Fróes.
“No momento, a pauta principal foi ir ao Ministério dos Direitos Humanos e nos pronunciar: ‘Olha, nós existimos’. O propósito do MEGB é unir as pessoas que foram homossexuais e hoje não são mais. É para ser um plataforma onde as pessoas, espalhadas pelo Brasil, possam se identificar, para que se sintam representadas. Não temos pretensão política nenhuma”, acrescentou a pastora.
Diante de um questionamento sobre o termo “cura gay”, cunhado pela mídia de forma pejorativa para desacreditar a mensagem bíblica, a pastora preferiu enfatizar que o meio cristão não trata a questão por esse prisma: “Não, eu não acho que a homossexualidade seja uma doença. O movimento acha que é um conflito emocional causado por traumas vivenciados na infância. Entre eles, abusos sexuais, agressões dentro de casa, ausência do pai ou da mãe. Isso pode causar um sentimento de carência, de não encontrar a identidade, e você vai em busca de criar essa identidade para você”, disse.
“A homossexualidade pode ser originada por questões emocionais, mas também não é uma escolha fechada. Cada um vai desenvolver da sua maneira. Existem pessoas que não vivenciaram nada disso e têm sentimentos homossexuais, e eu não sei te explicar”, finalizou.
Minoria
O pastor e deputado federal Abílio Santana (PL-BA) está articulando a realização de uma audiência pública na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados para debater casos de discriminação contra ex-gays.
De acordo com informações do jornal O Globo, o parlamentar entende que a “minoria dentro da minoria” vem sendo hostilizada pela militância LGBT.
Santana falou sobre os relatos de pessoas que através da fé ou de ajuda profissional deixaram de ser homossexuais, mas que ainda “sofrem preconceito e vivem num vácuo social”.
“O deputado também criticou a decisão da ministra do STF Cármen Lúcia, que suspendeu uma decisão da Justiça do DF que autorizava psicólogos a prestarem atendimento de reorientação sexual. Santana classificou a decisão com cerceamento de liberdade profissional”, noticiou o jornalista Athos Moura.
Essa mesma queixa foi feita pela pastora Miriam Fróes: “Todo homossexual que não está satisfeito com a sua homossexualidade deve procurar ajuda. A ajuda que for, ele quem vai decidir. O MEGB defende [a ajuda] pela Bíblia, pela espiritualidade. E eu não acho que todo homossexual precise de reorientação. Ele precisa ficar como está, caso se sinta bem. Todo mundo tem livre arbítrio para viver e escolher o jeito que se sente melhor neste mundo. Inclusive, a Bíblia fala sobre isso. O movimento não está aqui para se opor a isso”.