Os ânimos em Brasília envolvendo a bancada evangélica e o Governo Federal continua tenso. Composta por 108 parlamentares, pelo menos 30 deles fizeram uma reunião na última quarta-feira, onde foi levantada a hipótese de elaborar um manifesto para anunciar a independência do grupo em relação a Bolsonaro.
O objetivo, ao que parece, é pressionar o presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, para que ele e sua equipe administrativa dê maior atenção as demandas da bancada, responsável por grande parte das articulações de apoio durante o período eleitoral.
A última reunião entre a bancada evangélica e o governo ocorreu apenas em 18 de dezembro passado, gerando a crítica de alguns parlamentares de que o grupo não estaria mais sendo ouvido como deveria.
O clima ruim entre a bancada com o governo teve início ainda na fase de transição, quando Bolsonaro não atendeu nenhuma das indicações para os ministérios, entre eles um considerado vital pelos evangélicos, que é o da Educação.
A possível declaração de independência, no entanto, não significa ruptura total com o governo, mas a oficialização simbólica de que o Planalto não terá a garantia de receber apoio em todas as suas pautas. Mas na área dos costumes, por exemplo, este apoio está mantido, pois é de interesse comum.
Em todo caso, a reação dos parlamentares evangélicos é um recado contundente para o governo sobre a necessidade de mais diálogo e união com sua base eleitoral. Ela segue a mesma linha de raciocínio do deputado e pastor Marco Feliciano, que no dia 8 disparou uma sequência de mensagens fazendo cobranças à família Bolsonaro.
“Quando o governo resolve governar sozinho, se torna um gigante com pés de barros. O que adianta ter a estrutura que tem se o alicerce é frágil? O presidente tem que cimentar os pés. E isso se faz chamando as bancadas para conversar”, disparou Feliciano.
Após suas críticas, Feliciano foi oficializado esta semana como um dos integrantes da vice-liderança do governo no Congresso, algo que apesar de sinalizar o interesse do Planalto em querer manter contato com os evangélicos, ainda não foi suficiente para atender as reivindicações da bancada que eles representam.
Com informações: Estadão.