A fé do homem mais poderoso do mundo, o presidente norte-americano Barack Obama, sempre foi alvo de especulações por diversos líderes religiosos.
Entre os conservadores, o mandatário é liberal demais, o que iria resultar numa crise sem precedentes nos Estados Unidos. Para outros, Obama fingiria ser cristão, mas seria na verdade, um muçulmano, por causa de seu nome do meio, Hussein, herdado de seu pai, que tem origens no Quênia.
Um terceiro grupo, menos barulhento, entende que Barack Obama, apesar das críticas, exerce o cristianismo em sua essência, ao buscar reduzir a desigualdade e o desemprego no país, oferecendo um sistema de saúde universal aos cidadãos de menor renda e cobrando impostos maiores das pessoas com maiores posses.
O jornalista Josh Lederman publicou um artigo no último fim de semana sobre a fé do presidente e as questões políticas com que ele tem que lidar. “O presidente Barack Obama não é um homem abertamente religioso. Ele e sua família raramente frequentam a igreja, e ele quase nunca fala em público sobre sua própria relação com a sua fé cristã”, escreveu.
Segundo Lederman, Obama enfrenta os problemas do governo agarrando-se à sua espiritualidade: “Longe dos olhos do público, dizem seus conselheiros mais antigos, o presidente foi cuidadosamente nutrido por um sentimento de espiritualidade que tem servido como um mecanismo de refúgio durante tempos turbulentos, quando os obstáculos para governar uma nação profundamente dividida parecem quase intransponíveis”, afirmou Lederman no texto publicado pelo Huffington Post.
O artigo de Lederman revela detalhes da rotina do chefe da nação: “Todo ano, em 04 de agosto, aniversário do presidente, Obama se reúne com um grupo de pastores por telefone para receber suas orações por ele para o ano seguinte. Durante o maior desafio dos últimos tempos, círculos de oração foram organizados com figuras religiosas importantes, como o pastor Joel Hunter, o bispo Vashti McKenzie da Igreja Metodista Episcopal Africana e o reverendo Joseph Lowery, um ativista dos direitos civis”, disse o jornalista, fazendo referência à recente crise que levou o governo dos Estados Unidos a suspender os pagamentos a credores devido a um impasse no Congresso.
Josh Lederman ressalta que Obama, apesar de ser pouco religioso, mantém hábitos de fé: “A cada manhã nos últimos cinco anos, antes que a maioria de seus assessores cheguem à Casa Branca, Obama lê um devocional escrito por ele e enviado para o seu celular, mesclando as Escrituras Bíblicas com reflexões a partir de figuras literárias como Maya Angelou e CS Lewis”.
“Obama é particularmente movido por teorias que atraem as conexões entre temas bíblicos e as jornadas pessoais de figuras históricas como Abraham Lincoln e Martin Luther King Jr.”, afirmou Joshua DuBois, um dos colaboradores de Obama ouvidos pelo jornalista Josh Lederman. “Eu certamente já vi a fé do presidente crescer em seu tempo no escritório. Quando você cultiva sua fé, ela cresce”, acrescentou DuBois.
Segundo o colaborador, “devido a estes princípios de refúgio em sua vida, Obama não deixa os desafios do dia-a-dia realmente abalá-lo”.
Até 2008, quando era senador e candidato a presidência dos Estados Unidos, Obama era muito próximo do pastor Jeremiah Wright. Porém, declarações do líder religioso foram interpretadas como anti-americanas pela mídia, o que levaram os assessores políticos de Obama a aconselhá-lo a buscar um distanciamento de Wright. À época, os discursos do pastor somados ao sobrenome do presidente possibilitaram o surgimento da teoria de que Obama seria, na verdade, um muçulmano.
Obama, apesar de discreto em sua fé, já deu expressões claras de suas crenças. Durante o último evento chamado National Prayer Breakfast, o presidente afirmou que suas decisões são baseadas na Bíblia: “Às vezes eu procuro as Escrituras para determinar a melhor forma de equilibrar a vida como presidente, como marido e como pai. Eu sempre procuro as Escrituras para descobrir como eu posso ser um homem melhor, bem como um melhor presidente”.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+