Um bebê de apenas um mês de idade foi infectado pelo novo coronavírus e, durante a internação em uma UTI improvisada, a mobilização de oração feita por uma igreja marcou uma reviravolta no caso, com a médica responsável reconhecendo a importância da fé.
Ariana Werneck é uma mãe de seis crianças que deu à luz recentemente a seu filho caçula. O bebê, que agora tem dois meses de vida, apresentou sintomas da Covid-19 após dois irmãos terem tido contato com pessoas na escola que estudam que haviam sido infectadas.
A mãe disse em um emocionante relato que o pequeno Emílio ficou em um estado tão delicado que suas costelas “afundavam de uma forma assustadora quando ele tentava respirar” devido à falta de ar e que a oração foi essencial enquanto os médicos o tratavam.
“Quando começou o período da quarentena, todos em casa começamos a apresentar sintomas do coronavírus: eu, meu marido, Leonardo, e as seis crianças: Alejandro, 12 anos, Otávio Luiz, 11, Valentina, 9, Estevan, 4, Olivia Antonella, 2, e Emílio, que tem agora dois meses. A gente acredita que o contágio veio da escola das crianças, que mandou uma circular informando que uma das recreadoras de Olívia deu positivo para a Covid-19 e uma das alunas do 7° ano, colega de sala do nosso filho, também deu positivo”, contou Ariana ao Canguru News.
A família tentou fazer o teste para ter certeza sobre o contágio, mas não conseguiu: “A gente não fez o teste para confirmação, porque não tinha disponível na rede pública nem na privada”, contou ela, revelando que a médica que atendeu ao bebê teve certeza que era a Covid-19 por causa dos sintomas e do histórico de contato com pessoas infectadas.
Ariana disse que, exceto o bebê, todos tiveram sintomas leves da doença: “Eu senti dor de garganta muito forte. Meus filhos meninos e meu marido tiveram gripe e diarreia, já as meninas tiveram gripe com febre, mas em cerca de duas semanas os sintomas desapareceram por completo em todos nós. Tampouco tivemos problemas respiratórios, então, nem procuramos ajuda médica”, resumiu.
“O último a adoecer, porém, foi Emílio, nosso bebê. Ele começou a passar mal quando tinha apenas um mês de vida, e por isso ainda era bastante frágil. Até interná-lo, passamos quatro dias de agonia com ele em casa. Todos esses quatro dias o levávamos na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) no nosso bairro, na Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro, e eles nos mandavam embora, dizendo que era só um resfriado e que deveríamos colocar soro no nariz de Emílio”, acrescentou a mãe, expondo certo despreparo dos servidores que a atenderam.
“No quarto dia em que voltamos lá, eles falaram que nosso filho tinha pneumonia e passaram um antibiótico, mas comecei a dar a medicação e nada mudava. Depois de três doses que vi que ele não melhorava, comecei a ficar angustiada. Acho que o meu instinto materno me ajudou e resolvi correr para o hospital. A essa altura, Emílio já estava com falta de ar. As costelas dele afundavam de uma forma assustadora quando ele tentava respirar”, relembrou a mãe.
No momento de desespero, a família decidiu buscar ajuda em outro lugar, e a decisão se mostrou acertada: “Fomos para o Hospital Federal de Andaraí (RJ) no dia 28 de março e ele foi internado imediatamente. […] Rapidamente, no hospital fizeram nebulização, raio-x e hemograma no bebê. O hemograma foi compatível com [os resultados de quem tem] a Covid-19. Imediatamente, isolaram a mim e a meu filho num quarto […] Não fomos para a UTI porque, segundo os médicos, lá não seria possível manter isolamento total, então, transportaram todos os equipamento da UTI para o nosso quarto”.
Fé
Diante de uma situação tão angustiante, a família pediu oração aos irmãos na fé, explicando que a situação de Emílio era delicadíssima: “Enquanto estava lá, pedi para as pessoas da igreja evangélica, na qual nossa família congrega, orarem para o meu filho”, contou, antes de relatar uma mudança radical de cenário: “Um dia após ser internado, no domingo, 29, Emílio começou a apresentar melhoras. Parecia um milagre! O monitor da oximetria passou de menos de 90 para 92, 95, 98 e 99. Tudo isso em questão de minutos! E assim ele se manteve”.
A médica responsável pelo acompanhamento de Emílio “ficou pasme” diante da recuperação após a mobilização de oração, contou Ariana: “Falei que tinha toda uma igreja orando por ele. E lembro bem das palavras dela: ‘Tinham que ser religiosos, a fé aumenta as defesas do organismo’. Assim que ele começou a respirar melhor, consegui amamentá-lo. Foi um trabalho árduo, pois ele não queria pegar o peito, mas enfim consegui fazer com que ele mamasse”, comemorou.
“Ficamos lá mais três dias para ter certeza de que ele estava realmente bem. Depois de seis dias internados, pudemos voltar para casa. Emílio agora passa bem e se amamenta normalmente. Em todo esse tempo, não fiquei angustiada, fiquei com pena do meu filho e aflita, mas não angustiada nem desesperada, porque sabia que ele ia se curar. A fé é a certeza daquilo que não se vê e eu tinha muita fé que ele ia sair dessa”, finalizou, testemunhando sua confiança na resposta de oração.