Desde a última quarta-feira (13), quando houve o massacre na Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano, município localizado no interior da grande São Paulo, investigadores e toda a sociedade ainda busca entender qual teria sido a motivação do crime.
Diversas hipóteses já foram levantadas, como vingança em razão de bullying, ideologia terrorista, ideação suicida, influência de jogos violentos e transtornos mentais são algumas das possibilidades.
Um detalhe que chamou atenção, no entanto, possui viés religioso. Se trata de anotações encontradas no caderno de um dos suspeitos, o Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, que cometeu o crime ao lado de Luiz Henrique de Castro, de 25 anos, assassinando friamente as oito vítimas do ataque.
No caderno, deixado no veículo utilizado pelos criminosos, além de anotações sobre armas, desenhos de encapuzados e outras referências violentas, os policiais também encontraram um trecho da bíblia satânica, escrita por Anton LaVey em 1969.
“Quando caminhando em território aberto, não aborreça ninguém. Se alguém lhe aborrecer, peça-o para parar. Se ele não parar, destrua-o”, diz o texto.
Contudo, citações como essa são encontradas facilmente pela internet, de modo que pode ter sido utilizada de modo aleatório, assim como citações que fazem referências a jogos como Garena Free Fire e Call of Duty, também encontradas no caderno de Guilherme.
“Depois disso pode mandar seu exército atacar, é exército meio fraco, mas se fizer rápido o inimigo não vai ter tempo de fazer muitas defesas”, diz outra anotação, dessa vez em referência a uma tática disponível em game de combate.
Incentivo assassino
Apesar da motivação dos assassinos ainda estar sendo investigada, segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo), o delegado-geral da Polícia Civil, Ruy Ferraz Fontes, afirmou nesta quinta-feira (15) que trabalham com a possibilidade de que os atiradores foram incentivados por uma comunidade clandestina na internet.
O objetivo, segundo os investigadores, seria obter “reconhecimento”, já que a visão doentia dessa comunidade ensina a valorização de atos de ódio e crimes praticados, como assassinatos e outras atrocidades, como forma de “heroísmo”.
“Esse foi o principal objetivo, não tinha outro”, disse o delegado, segundo informações do G1. “Não se sentiam reconhecidos, queriam demonstrar que podiam agir como [o massacre em] Columbine, nos Estados Unidos, com crueldade e com um caráter trágico para que fossem mais reconhecidos do que eles”, afirmou o delegado.
A psicóloga Marisa Lobo, no entanto, alertou para o dever dos pais se responsabilidade pelo que “entra na mente dos seus filhos”, sugerindo que séries, filmes e jogos violentos, em casos onde há uma vulnerabilidade emocional e outros fatores de risco associados, podem desencadear episódios como o de Suzano.
A hipótese dos investigadores, sobre a motivação no crime, então reforça o alerta da psicóloga, pois há características em comum entre esses jovens, que são justamente o interesse por conteúdos violentos, que nesses casos devem ser encarados de forma diferente.