O desenho Big Mouth, um dos sucessos da Netflix na categoria de animação, está sendo acusado por um grupo de observadores da mídia de “preparar crianças para o abuso sexual”. A empresa agora está sendo acusada de violar leis de pornografia infantil.
Na última semana, o grupo Parents Television and Media Council (“conselho de pais sobre TV e mídia”, em tradução livre, ou PTC, na sigla em inglês) publicou um relatório em que aponta trechos do desenho retratando crianças de 12 e 13 anos em situações sexuais e discutindo sobre o assunto.
O relatório contém capturas de tela e lista exemplos de “conteúdo sexualmente exploratório ou de exploração sexual envolvendo crianças” nos 10 episódios da quarta temporada do programa.
O PTC descobriu que em todas as 4 horas e meia de programação que compunham a quarta temporada de Big Mouth, cada minuto de programação apresentava “quase 4 instâncias de sexo, violência e linguagem profana, indecente ou obscena”.
O grupo PTC é o mesmo que, em 2018, divulgou um estudo alertando sobre a alta frequência de referências sexuais em programas de comédia familiar: 81% desses títulos expõem crianças a diálogos sobre sexo.
A quarta temporada de Big Mouth traz “17 ocorrências de nudez animada, a maioria apresentando os órgãos genitais de personagens menores de idade”, denunciou o grupo.
Cenas explícitas
Segundo informações do portal The Christian Post, além disso, foram registradas “190 referências sexuais ou instâncias de insinuação sexual” na temporada em questão.
O desenho também contém uma infinidade de palavrões, incluindo linguagem sexualmente carregada, que “o PTC nunca viu ou ouviu em qualquer programa de televisão [em] seus 26 anos de história”.
A representação gráfica de um ciclo menstrual e a exposição de órgãos genitais de uma das personagens do desenho durante o diálogo com outra personagem foi destacado pelo PTC, que sublinhou a sugestão de uma para outra para “provar” o que ele descreveu como “um ovo de pato em um ninho cabeludo”.
A cena seguinte mostra um personagem masculino menor penetrando em uma personagem feminina menor e múltiplas representações de meninos menores em um chuveiro comunitário com suas partes íntimas totalmente expostas.
“Deve chocar a consciência ver crianças exploradas sexualmente para fins de entretenimento e lucro financeiro, como acontece em Big Mouth. Ver crianças usadas dessa forma para o entretenimento de adultos viola nossas sensibilidades, especialmente quando, em todo o país e ao redor do mundo, a agressão sexual está aumentando e mulheres e crianças estão sendo mantidas em escravidão sexual”, protestou Tim Winter, presidente do grupo PTC, em um comunicado.
“É incompreensível que a Netflix hospede um programa sugerindo que uma criança seja mantida pressionada e um pênis colocado em sua boca; que uma criança se ofereceria para matar seu próprio pai; que um personagem sugeriria fazer sexo com seu próprio excremento e depois comê-lo. Mas isso, e muito mais, está no Big Mouth da Netflix”, acrescentou.