A cantora pop Billie Eilish está se colocando publicamente contra a pornografia, indicando essa indústria de exploração sexual como um flagelo para a sociedade.
Aos 19 anos, a cantora se estabeleceu como um dos expoentes da música pop, com diversos prêmios por suas músicas. Numa entrevista recente, ela afirmou que seu contato com a pornografia ocorreu na pré-adolescência e prejudicou seu desenvolvimento psicológico.
“Como mulher, acho que pornografia é uma vergonha e eu costumava assistir muito pornografia, para ser honesta. Comecei a assistir pornografia quando tinha 11 anos”, disse ela na entrevista ao apresentador Howard Stern.
“Eu não entendia porque era uma coisa ruim. Achava que era assim que você aprende a fazer sexo”, contou, acrescentando que sua percepção hoje, anos depois, é que o consumo de pornografia a deixou com danos psicológicos.
“Acho que realmente destruiu meu cérebro e me sinto incrivelmente devastada por ter sido exposta a tanta pornografia. Acho que tive paralisia do sono, quase como terrores noturnos, apenas pesadelos. Acho que foi assim que começaram, porque eu só assistia [pornografia] abusiva e isso é o que eu achava atraente, e isso chegou a um ponto em que eu não conseguia assistir a nada a menos que fosse violento, e não achava que fosse atraente”, lamentou.
O enorme grau de consumo de vídeos pornográficos se tornou uma compulsão antes mesmo que a artista perdesse a virgindade: “Nas primeiras vezes que, você sabe, fiz sexo, não estava dizendo ‘não’ às coisas que não eram boas. E foi porque eu pensei que era para isso que eu deveria estar atraída. Estou com tanta raiva que a pornografia seja tão amada, e com tanta raiva de mim mesma por pensar que estava tudo bem”.
Billie Eilish tem razão ao apontar quão “amada” a pornografia é na sociedade atual. De acordo com o portal Faith Wire, apenas em 2019, as pessoas consumiram o equivalente a quase 6.650 séculos de pornografia no maior site de pornografia do mundo, que sofre acusações de hospedar material de abuso sexual infantil.
Existem numerosos estudos que detalham a prevalência da violência contra as mulheres na pornografia. Mesmo assim, mais da metade dos meninos (53%) e mais de um terço das meninas (39%) relataram acreditar que a pornografia é uma representação realista do sexo.
Além disso, como Billie Eilish, uma pesquisa de 2020 descobriu que cerca de 45% dos adolescentes assistem pornografia, pelo menos em parte, para aprender sobre sexo.
Nada do que as pessoas veem na pornografia, porém, é um retrato fiel da realidade: “Os corpos das mulheres não são assim. Não gostamos de coisas que parecemos estar gostando”, finalizou a cantora, que acaba de lançar uma música, Male Fantasy, em que fala sobre sobre seu vício em pornografia e como essa indústria objetifica o corpo feminino.