As igrejas precisam agir de maneira assertiva para ajudar jovens cristãos a se livrarem do vício em pornografia, como forma de evitar uma “crise civilizacional”. O alerta vem do CEO da entidade Covenant Eyes, que se dedica a ajudar pessoas a resistirem à tentação do consumo de filmes adultos.
A Covenant Eyes foi fundada em 2000 por Ronald DeHaas, que identificou que a universalização do acesso à internet se tornaria um novo mercado para a indústria pornográfica. À época, com dois filhos adolescentes, ele criou um software que bloqueia o acesso a conteúdos pornográficos.
Ronald é presbítero na Comunnity Church (EPC) na cidade de Owosso, estado de Michigan (EUA). Em sua entrevista, afirmou que ao longo dos últimos anos, o software da Covenant Eyes ajudou 1,5 milhão de pessoas a alcançar uma “vitória sobre a pornografia”.
Agora, ele vê os efeitos do acesso a esse tipo de conteúdo em todo o mundo, e diz que as igrejas “precisam falar” sobre o tema, já que uma pesquisa realizada pelo Barna Group em 2016, intitulada “The Porn Phenomenon” [confira aqui] constatou que “a maioria das igrejas não possuem programas desenvolvidos para ajudar quem luta contra a pornografia”.
De acordo com informações do portal The Christian Post, essa pesquisa foi realizada em parceria com o Ministério Josh McDowell, e à época descobriu que 93% dos pastores e 94% dos pastores de jovens têm consciência que a pornografia é um problema maior nas igrejas do que era há 20 anos, e que 57% dos pastores e 64% dos jovens pastores tiveram suas próprias dificuldades com isso, seja atualmente ou no passado.
Dos pastores que ainda consumiam pornografia, 87% disseram sentir muita vergonha disso e 55% disseram que vivem com medo constante de serem descobertos.
Os dados apontam ainda que 70% dos pastores de jovens que participaram do estudo afirmaram que pelo menos um adolescente os procurou em busca de ajuda contra o vício em pornografia no ano anterior. A maioria dos que procuraram ajuda eram rapazes do Ensino Médio, embora muitos tenham afirmado que o problema também está crescendo entre as meninas.
“Eles precisam falar sobre isso, precisam reconhecer que a maioria das crianças de 12 anos da sua igreja já viram pornografia. Algumas das crianças de 12 anos provavelmente são viciadas em pornografia”, lamentou Ronald.
Em sua experiência com a Covenant Eyes, Ronald afirmou que já encontrou casos de crianças de “apenas 6 anos de idade” consumindo pornografia: “Estamos falando, em geral, de famílias cristãs e de crianças de 12 anos de famílias cristãs que lutam contra a pornografia. E então, isso se tornou seu treinamento sexual, sua educação sexual. E os meninos, é claro, estão aprendendo: ‘É assim que devo tratar as meninas’, e as meninas estão aprendendo: ‘É assim que eu’ eu deveria ser tratada. E então, não é bom. Realmente não é”.
DeHaas considera o vício generalizado em pornografia como “uma crise civilizacional”, citando estudos que mostram que a disfunção erétil induzida pela pornografia e outros problemas sexuais dispararam entre os homens jovens num grau sem precedentes.
Um artigo, publicado pela revista Time em 2016, aponta que a “pornografia é ameaça à virilidade”, já que há um número crescente de jovens cujos cérebros foram marinados em pornografia desde tenra idade muitas vezes se encontram incapazes de manter um relacionamento com uma mulher real.
“Se os homens não podem ter filhos, é um problema civilizacional”, reiterou Ronald DeHaas, que também disse “não ter dúvidas” de que existe um elemento demoníaco no vício da pornografia.
“Quando você é transparente sobre isso, percebe que todos ao seu redor estão passando por dificuldades. Você não está sozinho e há uma resposta. E essa resposta definitiva é Jesus Cristo. Se você entrar no processo de recuperação com um aliado e se concentrar em Cristo, essa é realmente a esperança. Há esperança e há sucesso. Fé e transparência são a chave”, finalizou.