O primeiro milagre operado por Jesus em seu ministério, a transformação de água em vinho durante uma festa de casamento, se tornou a nova fonte de polêmica protagonizada pelo bispo Edir Macedo.
Num vídeo que circula na internet, Macedo critica a transformação da água em vinho por, segundo ele, não entender que “benefício” isso poderia oferecer às pessoas.
“Pensa comigo, por favor. O primeiro milagre que Jesus realizou foi numa festa de casamento quando ele transformou a água em vinho. Eu fiquei perguntando: ‘Meu Deus, o primeiro milagre que o Senhor faz não é a cura de um enfermo, não é a libertação de um oprimido, não é a salvação de um ser humano. O senhor transformou água em vinho?’ E esse vinho, o que fez? Alegrou apenas os convidados daquela festa de casamento. Não fez mais nada. Ou fez? Qual foi o benefício que a transformação de água para vinho trouxe para o Reino de Deus?”, diz o líder da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) durante um sermão na reunião do réveillon 2012.
A crítica de Macedo ao milagre de Jesus rendeu críticas a ele. O pastor Renato Vargens publicou dois artigos sobre o tema, e rebateu a postura do bispo da Universal.
“A coisa anda tão complicada que nem Jesus serve mais! Infelizmente o evangelho pregado por alguns é tão humanista que fica difícil eles acreditarem num Deus soberano”, disse Vargens, que engrossa as fileiras dos que criticam a IURD: “Sou obrigado a concordar que as doutrinas de Edir Macedo não são cristãs e que afrontam de forma veemente tudo aquilo que os apóstolos e reformadores ensinaram. Resta-nos portanto rogar ao Senhor que tenha misericórdia do povo brasileiro livrando-os dos enganos ensinados pela Universal do Reino de Deus”.
Sobre a função do milagre operado por Jesus, Vargens cita o contexto do Evangelho de João, onde é mencionada a transformação da água em vinho: “O propósito de João ao escrever este Evangelho era afastar seus leitores da dependência da lei, e da especulação gnóstica , conduzindo-os diretamente para o ‘caminho, a verdade, e a vida’”, introduziu o pastor.
“O milagre da transformação de água em vinho dentre tantos outros, foi feito prioritariamente pelos seguintes motivos: 1 – Manifestar a glória do Cristo, o Messias ansiado. Aleluia!; 2 – Fazer com que os homens cressem! Aliás, isso o bispo Macedo precisa entender. O milagre da transformação da água em vinho se deu com o duplo propósito de glorificar a Cristo e pregar o evangelho da reconciliação”, explica o pastor da Igreja Cristã da Aliança.
Outro que criticou Macedo foi o pastor Márcio de Souza, que escreveu sobre o assunto em seu blog: “Macedo, creio que você não conheça o teor dessa passagem porque sua teologia não permite isso. Jesus em Caná estava em uma festa de casamento celebrando a alegria junto aos noivos sem o menor interesse em se aproveitar deles para uma auto promoção ou coisas do tipo. Se você olhar o texto com um mínimo de atenção bispo, perceberá que o vinho era sinônimo de alegria numa festa de casamento judaica, logo, acabando o vinho, simbolicamente acabava a alegria. Receio que você só entenderia se o texto falasse sobre o fim do dinheiro do casal e não do vinho, da alegria”, disse, fazendo referência à teologia da prosperidade pregada por Edir Macedo.
Segundo Souza, o milagre do vinho simboliza a tônica do ministério de Jesus, que sempre priorizou pessoas: “Jesus, que ao contrário do que você [Edir Macedo] pensa está mais preocupado com as pessoas do que com as estruturas, providencia o milagre para que as pessoas prossigam celebrando. Veja bem, a estrutura não usa gente, mas na cultura de Jesus, gente é que usa a estrutura”.
Assista, a partir dos 24 minutos, a crítica de Edir Macedo à função do milagre do vinho:
Por Tiago Chagas, para o Gospel+