A delação da JBS trouxe nova acusação a uma figura ligada ao meio evangélico: o bispo Marcos Pereira, da Igreja Universal do Reino de Deus, atual ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, teria recebido propina dos irmãos Batista.
Joesley Batista, presidente da JBS, disse que repassou ao bispo licenciado da Igreja Universal a quantia de R$ 6 milhões. Marcos Pereira é presidente licenciado do Partido Republicano Brasileiro (PRB), que nos bastidores da política é tratado como o “partido da Universal”.
Os valores teriam sido negociados em troca de facilitações na aprovação de um empréstimo que a empresa queria tomar da Caixa Econômica Federal, com valores na casa dos R$ 2,7 bilhões. Joesley Batista encontrou-se com o vice-presidente corporativo do banco, Antônio Carlos Ferreira, indicado ao cargo pelo PRB, e ouviu o pedido pelos valores.
O empresário disse que aceitou a exigência e dividiu o pagamento em parcelas, sendo que a última teria sido paga diretamente a Pereira no último dia 24 de março, na casa de Joesley, segundo informações do jornal Estado de Minas.
Ainda de acordo com o depoimento de Joesley Batista, o próprio ministro Marcos Pereira teria feito contato com o empresário uma vez, reiterando o pedido do vice-presidente corporativo da Caixa, e aceitando a possibilidade de parcelamento. “Marquinho me procurou. Aí eu falei: ‘Tá bom, tá certo. Seis milhões. Marcos, como é que a gente faz?'”, afirmou o empresário.
“De 500 mil em dinheiro eu fiz pra ele. Enfim, de tempos em tempos, ele me cobrava, me mandava mensagenzinha: ‘Tudo bem?’. E aí eu já entendia o que era, né? Aí, a medida que eu ia conseguindo, eu combinava com ele”, acrescentou. Do total, a JBS teria quitado R$ 4,2 milhões até março, faltando R$ 1,8 milhão.
Investigações
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin já havia determinado a abertura de inquérito para investigar o ministro Marcos Pereira em abril, mas em relação a acusações de executivos da Odebrecht na Operação Lava-Jato.
Sobre a delação da JBS, Marcos Pereira emitiu nota negando o envolvimento no escândalo: “As afirmações constantes da delação premiada de Joesley Batista não são verdadeiras. Estou à disposição das autoridades para prestar os esclarecimentos necessários e afastar qualquer dúvida sobre minha conduta”, afirmou.
Nesta segunda-feira, 22 de maio, o presidente em exercício do partido, senador Eduardo Lopes (RJ), também comentou as acusações em artigo publicado no site do PRB: “Não podemos tirar conclusões precipitadas, não podemos nos deixar influenciar por fatos, precisamos respeitar o processo legal […] É fundamental ter cautela e não permitir que a disseminação de más notícias traga prejuízos ao país”, comentou.