Um blogueiro ateu produziu um artigo em crítica aos ateus que fazem defesa das religiões, enaltecendo as virtudes destas, e afirmou que é “pela religião que a sociedade perece”.
Will Papp afirma que o conceito de religião é criado a partir de “ideias absurdas e irracionais”, e critica os ateus que “pensam ser superiores aos outros indivíduos”.
-Vejo com muitas reservas essa tendência de alguns ateus se colocarem como paladinos das religiões.
Papp ressalta que sua crítica se dá por aquilo que tais ateus transparecem: “Essas pessoas agem como se os outros precisassem ser ajudados, como se estes não tivessem capacidade de se auto-ajudarem. Eles se comportam como se fossem os salvadores, nesse caso, não da alma dos religiosos, mas, da sociedade onde estes vivem. Eles devem pensar que os religiosos estão num estágio final e irreversível de dependência físico-química e a droga é a religião que não pode ser cortada, pois isso levaria os religiosos à morte. É um pensamento tolo que denota apenas um complexo de superioridade ridículo”.
O blogueiro afirma que crenças são desnecessárias ao ser humano e que por isso as religiões são descartáveis: “Não penso ser essencial ao ser humano, em todas as fases de sua vida, acreditar em fantasias. Quando se é criança, tudo bem. Mas a criança deve crescer e se transformar em adulto”, afirma.
Para Will Papp, as religiões são “perigosas” e deveriam existir apenas no âmbito de “mitologias”, ficando limitadas aos rituais: “As religiões não precisam ser extintas, mas precisam evoluir. É necessário que elas se restrinjam aos seus templos e se abstenham de opinar sobre os assuntos seculares, laicos”.
Confira a íntegra do artigo “Os ateus paladinos das religiões”, de Will Papp:
Conheço ateus que são a favor da existência das religiões. Eles dizem que as religiões são benéficas aos indivíduos e à sociedade. Talvez, sejam. Contudo, que tipo de sociedade é essa que se unifica tendo por fundamento idéias absurdas e irracionais advindas de instituições religiosas? Nem vou falar sobre o conceito Deus. Religião e Deus são coisas diferentes.
Vejo com muitas reservas essa tendência de alguns ateus se colocarem como paladinos das religiões. Dois são os motivos: não penso que as religiões sejam benéficas e me preocupa ateus que pensam ser superiores aos outros indivíduos. Explicarei, começando pelo mais fácil.
Esses ateus defensores das religiões, no meu sentir, possuem uma característica que é muito comum aos religiosos: o Complexo de Messias. Essas pessoas agem como se os outros precisassem ser ajudados, como se estes não tivessem capacidade de se auto-ajudarem. Eles se comportam como se fossem os salvadores, nesse caso, não da alma dos religiosos, mas, da sociedade onde estes vivem. Eles devem pensar que os religiosos estão num estágio final e irreversível de dependência físico-química e a droga é a religião que não pode ser cortada, pois isso levaria os religiosos à morte. É um pensamento tolo que denota apenas um complexo de superioridade ridículo.
Quanto às religiões, não as considero nem benéficas nem essenciais. Não penso ser essencial ao ser humano, em todas as fases de sua vida, acreditar em fantasias. Quando se é criança, tudo bem. Mas a criança deve crescer e se transformar em adulto. Tampouco vejo as religiões como benéficas. Benéfico é aquilo que faz bem e, na minha visão de mundo, religiões não fazem bem ao ser humano e à sociedade. Vejamos o porquê.
Como é que crenças em seres imaginários, estórias fantásticas, rituais cujos significados não se sabem, comportamentos irracionais, textos antigos direcionados a povos antigos foram responsáveis, por exemplo, pela cura de doenças; pela construção de máquinas e equipamentos que melhoraram a vida humana; pela diminuição das desigualdades sociais (recordemo-nos do sistema de castas na Índia); por estarmos desvendando os mistérios da vida e do universo? A função da religião é manter o povo manso. Ela não é responsável por fazer bem ou mal. Não obstante, ela faz mal.
Uma das características das religiões é a exigência da fé. É necessário ter fé; fé que existe um ser imaginário que cuida de nós; fé que esse ser fez tudo e todos; fé que esse ser faz coisas que contrariam as leis que ele mesmo criou; fé que coisas impossíveis são possíveis; fé que a irracionalidade pode ser racionalizada. Nas religiões ter uma fé inabalável é uma virtude. É tênue a linha que separa a fé inabalável do fanatismo.
Desonerar as religiões dos atos hediondos cometidos pelos seus seguidores fanáticos é, para dizer o mínimo, desonesto. A religião impele os seus seguidores mais apaixonados a fazerem isso. Por não investir no pensamento lógico e racional e investir no pensamento irracional, fantasioso, alucinante as religiões são responsáveis, sim, pela criação de seguidores insanos e pelos atos deles. A religião tem feito mal ao homem e à sociedade. É terrível essa idéia de que a religião não possa ser suprimida sem que a humanidade pereça. É pela religião que a sociedade perece.
As idéias religiosas são perigosas. É delas que é retirado o conceito de “seres especiais”. A idéia de existirem seres especiais é algo terrivelmente perigoso. Por se acharem especiais, muitos cometeram atrocidades, inclusive em regimes “ateístas”. Não há ninguém especial. Essa idéia deve ser extirpada.
As religiões não precisam ser extintas, mas precisam evoluir. É necessário que elas se restrinjam aos seus templos e se abstenham de opinar sobre os assuntos seculares, laicos. Além disso, é importante que elas percam o “ar de sagrado” que possuem e sejam tratadas, apenas e simplesmente, como mitologias; mitologias que sempre foram; mitologias sem poder algum de ajudar a vida humana.
Fonte: Gospel+