O presidente eleito indicou o nome de um deputado evangélico para ocupar o Ministério do Turismo a partir de janeiro. O anúncio foi realizado na noite da última quarta-feira, 28 de novembro de 2018, pelo gabinete de transição, em entrevista coletiva em Brasília.
Marcelo Álvaro Antônio (PSL) é empresário, foi vereador entre 2013 e 2015 em Belo Horizonte (MG), e está em seu primeiro mandato como deputado. Nas eleições 2018 foi reeleito para seu segundo mandato, sendo o mais votado em seu estado.
Membro da Igreja Cristã Maranata, Marcelo Antônio foi anunciado como uma indicação feita ao presidente eleito pela Frente Parlamentar Mista em Defesa do Turismo. “[Minha indicação] não contempla nenhum partido. Não contempla nenhum estado. É bom deixar isso claro”, afirmou o futuro titular do Ministério do Turismo.
De acordo com informações do portal Uol, a partir da gestão de Bolsonaro, o Ministério do Turismo atuará em parceria com outras pastas, como o Ministério da Justiça (que incorporou as funções relacionadas à Segurança Pública), Meio Ambiente, e Ciência e Tecnologia. Essa exigência feia pelo presidente tem como foco um planejamento integrado de ações.
Bancada evangélica
Em maio deste ano Marcelo Antônio fez um discurso no Plenário da Câmara dos Deputados e falou sobre sua fé cristã em um discurso de homenagem à Igreja Cristã Maranata.
“Sou membro da Igreja Cristã Maranata há mais de 15 anos e foi nesta instituição que aprendi a professar uma fé verdadeira em Cristo Jesus. Aprendi a assistir e a ser assistido, espiritualmente, pelos irmãos e nela construí muitas amizades”, afirmou o deputado.
“Na ocasião em que celebramos os 50 anos de fundação da Igreja Cristã Maranata, parabenizo a todos os membros representados pelo nosso Presidente, o pastor Gedelti Gueiros, que, com firmeza e determinação, permanece lutando pela nobre causa do Evangelho, pela valorização da sã doutrina e pela manutenção dos marcos que não devem, jamais, ser removidos. […] encerro minha homenagem agradecendo, honrando e glorificando o nome do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, que se deu por nós. A Ele, toda a glória, toda a honra, todo o louvor”, afirmou Marcelo Antônio no discurso do dia 23 de maio.
Os parlamentares da bancada evangélica comentaram a indicação de Marcelo Antônio para o cargo de ministro do Turismo e expressaram satisfação com a escolha. “Já parabenizei o futuro ministro. É um nome preparado, que tem larga experiência na política, está no segundo mandato e vai contribuir muito para o governo do presidente Bolsonaro”, afirmou o deputado Lincoln Portela (PR-MG), em entrevista ao jornal O Globo.
A reunião que definiu o nome de Marcelo Antônio contou também com a presença do futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS) e do atual presidente da Frente Parlamentar Evangélica, pastor Hidekazu Takayama (PSC-PR). “Não fomos reivindicar nada. Fizemos uma ação espiritual, uma oração, para que ele soubesse que tem um grupo que apoia ele e os pensamentos dele, sem restrições, e também soubesse que não está só”, afirmou o parlamentar, referindo-se ao presidente eleito.
Magno Malta
O pastor Silas Malafaia comentou a ausência do nome de Magno Malta (PR-ES) no time de ministros de Bolsonaro. O senador capixaba – que não foi reeleito para o mandato – chegou a ser convidado oficialmente para ser vice-presidente antes das eleições, mas recusou a proposta. Após o anúncio da vitória nas urnas, Bolsonaro disse que faria questão de ter Malta na equipe de governo.
“Ele estará comigo sim no Palácio do Planalto. Afinal de contas, é um grande homem e um grande valor”, disse Bolsonaro na ocasião.
Como o presidente eleito anunciou até agora 19 nomes de ministros – sua proposta de campanha era reduzir para 15, mas alegando questões de gestão e exigências legais, afirmou que o número deverá ser fechado em 20 – o pastor Silas Malafaia teceu críticas a Bolsonaro por ter prescindido do amigo que se dedicou a viajar pelo Brasil fazendo campanha durante sua ausência por razões médicas.
“A única pessoa que pode responder por que o Magno não foi confirmado é o próprio presidente. Para mim, Bolsonaro disse três vezes que estava pensando em colocar o Magno no Ministério da Cidadania. Apoio integralmente o Bolsonaro, mas não vou concordar 100% com as ações dele. A unanimidade é burra”, declarou o pastor ao jornal O Globo.
Malafaia criticou ainda a possibilidade de que a senadora Ana Amélia (PP-RS) – candidata a vice na chapa derrotada de Geraldo Alckmin (PSDB) – seja convidada para ocupar uma posição na Esplanada dos Ministérios. “Não faço parte do núcleo político de Bolsonaro. Não sei como algumas coisas funcionam. Mas não concordo que Ana Amélia, vice de Alckmin, que sempre criticou Bolsonaro, que só declarou apoio no segundo turno, tenha espaço. Malta não, perdeu a eleição porque fez campanha para Bolsonaro”, declarou.
Em nota enviada à imprensa após o anúncio de Osmar Terra como Ministro da Cidadania – pasta em que o nome do senador era cogitado como possível titular -, Magno Malta desejou sorte ao escolhido: “Eu tenho certeza que participei de uma luta grandiosa para libertar o Brasil do viés ideológico. Meu ideal era mudar a política no país e foi a vitória mais importante. Quem escolhe o ministério é o presidente, que tem meu apoio e desejo boa sorte para o ministro Osmar Terra e para o novo governo. Deus acima de todos”, afirmou o senador.