Apesar do aumento do número de pastores candidatos a cargos públicos nesta eleição, o número dos líderes evangélicos candidatos pelos dois mais fortes partidos do Brasil deverão ser menores do que em 2010.
Essa redução acontece não somente no número de pastores candidatos, mas também na participação de pastores nas campanhas desses partidos, como apoiadores. Boa parte das lideranças evangélicas têm se reunido ao redor da campanha do pastor Everaldo (PSC) à presidência da República.
Entre os líderes evangélicos que apoiaram Dilma Rousseff (PT) em 2010 e que agora debandaram, estão o bispo Manoel Ferreira, da Assembleia de Deus Ministério de Madureira; o senador Magno Malta (PR); e o próprio Everaldo Pereira, agora candidato, mas apoiador da presidente no último pleito.
Segundo a Folha de S. Paulo, a justificativa do bispo Manoel Ferreira – e de muitos outros líderes evangélicos – é a de que Dilma rompeu o acordo feito com o PT há quatro anos para “a defesa da vida e o respeito à família tradicional”.
Pelo lado de Aécio Neves (PSDB), que desponta nas pesquisas como o principal adversário de Dilma, nem todos os que apoiaram José Serra (PSDB) em 2010, repetirão o apoio agora. O apóstolo Valdemiro Santiago, líder da Igreja Mundial do Poder de Deus, em 2010 apoiou Serra, mas este ano não deu sinais de que manifestará seu voto publicamente, assim como o líder do Ministério Internacional da Restauração (MIR), apóstolo Renê Terra Nova.
O pastor Silas Malafaia – que há quatro anos retirou o apoio a Marina Silva, à época no PV, para apoiar Serra – fechou questão em torno do pastor Everaldo Pereira. “Vamos marcar posição. Se os evangélicos são 25% [da população], Everaldo pode chegar a 8% ou 10% e ser um cara fundamental para decidir o segundo turno”, teoriza Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADVEC).
A tese de Silas Malafaia é compartilhada pelos analistas políticos: “Com candidato próprio, a tendência é de fortalecimento político. Num segundo turno acirrado, terão enorme poder de barganha”, diz Vitor Marchetti, da Universidade Federal do ABC.
Ricardo Ismael, docente da PUC-Rio, o ambiente favorece Everaldo: “No mundo de hoje, em que muitos desconfiam dos políticos, ele tem um diferencial. Repare que ele adotou ‘pastor’ no nome e já está à frente de candidaturas ideológicas, como a do PSOL. Ninguém baterá nele, então poderá crescer”, resumiu.