O tráfico humano é uma das mazelas globais mais desafiadoras, pois as pessoas que são vítimas desse crime, em geral, são meninas vendidas pelos próprios pais para serem escravas sexuais em diferentes lugares do mundo. A cantora gospel Natalie Grant, ao saber dessas histórias, decidiu que precisava tomar alguma atitude e vem se dedicando a isto desde então.
Premiadíssima no meio gospel dos Estados Unidos, Natalie Grant viu sua carreira como cantora estar por um risco quando uma de suas cordas vocais se romperam e ela recebeu o diagnóstico de que não poderia cantar novamente. Dias antes do incidente, a cantora tinha descoberto que muitas pessoas eram tratadas como mercadoria, e por isso, precisva agir.
A descoberta sobre o tráfico humano aconteceu enquanto assistia, em 2004, a um episódio da série de TV Lei e Ordem. Ao se aprofundar em pesquisas sobre o assunto, decidiu que iria à Índia para entender a situação e tentar fazer alguma coisa. No entanto, dois dias antes da viagem, sua corda vocal se rompeu e os médicos disseram que ela deveria passar 30 dias em silêncio.
“Eu só lembro que a série dizia que os fatos foram baseados em notícias. E eu pensava no título dessas matérias. Eles estavam literalmente retratando crianças que eram vendidas na parte de trás de uma van, em Nova York. Eu pensei que se isso realmente acontecia em algum lugar do mundo, eu precisava saber e muitas outras pessoas também precisavam conhecer esse cenário”, contou.
Natalie Grant acrescentou, em entrevista à emissora Christian Broadcasting Network (CBN), que não se deixou abalar em seu propósito após receber o diagnóstico pessimista sobre sua voz: “Disseram que eu não ia cantar novamente. Eu não podia falar e nem sussurrar. Eu não podia emitir qualquer som por pelo menos 30 dias. E mesmo assim fui para a Índia”, salientou.
Já na Índia, o contato com a realidade foi duro: “Nunca esquecerei do dia em que conheci uma garota que foi vendida no seu 12º aniversário, pelos próprios pais. Ela foi resgatada quando tinha 21 anos. Então, durante nove anos, foi traficada”, relatou.
“Ela só sabia uma coisa em inglês e que eu entenderia. Ela tomou minhas mãos e disse: ‘Jesus, Jesus, Jesus, Jesus’. Ela disse: ‘Eu não posso contar toda a minha história em inglês. Mas quando digo esse nome, você sabe que tudo pode dar certo’. Eu havia ido para aprender como eu poderia resgatar essas crianças”, relembrou a cantora.
A reflexão que Natalie Grant faz dessa história, que mudou sua forma de ver o ministério, é bastante inspiradora: “Essas pessoas me mostraram que Jesus me enviou para esse trabalho e Ele faz isso através de nossas ‘peças quebradas’. Eu digo que aquele foi o dia em que fui destruída pela vida, da melhor maneira possível”.
No retorno aos Estados Unidos, Natalie Grant iniciou o planejamento para pôr em prática a sua decisão de ajudar vítimas do tráfico humano. No ano seguinte, ajudou a fundar a entidade Hope for Justice (“Esperança por Justiça”, em tradução do inglês), que atua sem fins lucrativos para erradicar o tráfico humano e resgatar pessoas escravizadas.
“Espero pela justiça que, é difícil de acreditar. Tudo começou como um pequeno sonho depois de conhecer essas meninas na Índia. Agora o projeto está em três continentes diferentes e em quatro países, além de ter seis escritórios. Então é incrível quando você usa sua voz para fazer o que Deus colocou dentro de você”, testemunhou.
Como parte dessa missão, ela lançou o livro Finding Your Voice, no qual narra sua jornada de fé através de diversas adversidades, como bulimia, infertilidade, dúvida e depressão, e sua mudança completa ao encontrar seu propósito em Cristo. “Isso tem muito pouco a ver com cantar. Cantar é o que eu faço. Não o quem eu sou”, finalizou.