As demonstrações de radicalismo do papa Francisco vêm crescendo em relação aos clérigos católicos que se opõem às suas diretrizes. O pontífice decidiu despejar um cardeal de seu apartamento no Vaticano por conta das críticas feitas por ele à sua liderança.
O cardeal americano Raymond Leo Burke, 75 anos, foi despejado do Vaticano em uma decisão “sem precedentes” na Igreja Católica, já que os cardeais aposentados costumam continuar morando em seus apartamentos e participando de atividades normalmente.
“Geralmente, os cardeais aposentados continuam a residir em Roma depois de deixarem o cargo, e muitas vezes permanecem ativos nas liturgias papais e nos deveres cerimoniais”, explicou Christopher White, um especialista em Vaticano.
De acordo com informações da BBC, Francisco não apenas despejou o cardeal Burke, como também determinou o corte de seu salário, como “forma de limitar a influência de Burke, cortando seus laços com Roma”.
Burke, que foi nomeado cardeal pelo antecessor de Francisco, o papa Bento XVI, é um dos mais conservadores presentes no Vaticano, amplamente contrário ao aborto e outros temas progressistas que vêm recebendo acenos cada vez mais efusivos do atual papa.
Essa é a segunda medida radical de Francisco contra seus críticos. No dia 11 de novembro, o papa decidiu demitir um bispo conservador americano chamado Joseph E. Strickland, de 65 anos, sob alegação de que ele se recusava a adotar novas diretrizes para as missas. Coincidentemente, o bispo era um dos mais intensos críticos dos acenos do pontífice à militância LGBT.
As medidas tomadas pelo papa estão sendo vistas como uma forma de “isolamento forçado” daqueles que criticam sua visão progressista, declarou Michael Matt, colunista do jornal católico conservador The Remnant, que acusa o papa de perseguir “prelados fiéis que oferecem cobertura hierárquica aos linha-dura pró-vida, pró-família e pró-tradição”.