Desde que se tornou figura pública através da indicação de seu nome para chefiar o Ministério das Relações Exteriores, o diplomata Ernesto Araújo tem tido sua produção intelectual e discursos vasculhados pela imprensa. A ênfase no combate à ideologia de gênero e a defesa da fé, algumas das bandeiras conservadoras por ele adotadas, por vezes foi retratada pela grande mídia em tom jocoso.
Na última quarta-feira, 02 de janeiro, Araújo tomou posse e fez um discurso com ampla rejeição ao globalismo, um fenômeno marcado pela agenda progressista e abraçado pela Organização das Nações Unidas. Segundo o novo chanceler, a atuação da diplomacia brasileira será “em favor do que é importante para o Brasil, não as ONGs”.
Na visão de Ernesto Araújo, o Brasil vinha atuando apenas no interesse de “exportar produtos e atrair investimentos”, sem nenhuma afirmação de valores, o que deixou o país “sem poder para nada”.
“O globalismo se constitui em ódio”, disse o ministro. “É contrário à natureza humana”, acrescentou, apontando que tal fenômeno nasceu “da mesma raiz ideológica” que defende que não há diferença entre homem e mulher e que os fetos são amontoados de células: “Vamos defender a soberania, a liberdade de expressão, a liberdade de crença, da internet, as liberdades políticas e os direitos da humanidade, o principal dos quais talvez seja o direito de nascer”, garantiu.
Em seguida, o novo ministro listou países com os quais o Brasil buscará alianças sem pedir permissão às demais nações que tentam impor uma ordem global através da ONU: “Admiramos quem luta, por isso admiramos o exemplo de Israel, que nunca deixou de ser nação mesmo quando não tinha solo, em contraste com algumas nações de hoje que, mesmo tendo solo, igreja, castelo, já não querem ser nação”, alfinetou.
“O problema do mundo não é a xenofobia, e sim a oikofobia”, disse, referindo-se ao sentimento de ódio ao próprio lar. “Para destruir a humanidade é preciso acabar com as nações e afastar o homem de Deus. E é isso que estão tentando, e é contra isso que nos insurgimos”, acrescentou, sinalizando que enxerga uma defesa da “teofobia”, a aversão a Deus, na agenda globalista.
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, ao longo do discurso, Ernesto Araújo fez menção honrosa ao professor e filósofo Olavo de Carvalho, apontando-o como um dos mentores da atual mudança cultural que o Brasil atravessa, “libertando o Brasil por meio da verdade” da mesma forma que o novo presidente optou por fazer na campanha e promete agir durante o mandato.