O jornal francês “Charlie Hebdo” despertou a ira de militantes islâmicos por publicar charges do profeta Maomé e outros líderes muçulmanos e foi alvo de um ataque nesta quarta feira. Pelo menos 12 pessoas morreram e 11 ficaram feridas no ataque, realizado por homens armado. Porém, a publicação não é tão “anti-islã” quanto os militantes afirmam, e também faz sátiras de Jesus e do Cristianismo.
Segundo fontes policiais, os autores do ataque ao escritório da revista, em Paris, portavam rifles Kalashnikov e gritaram “Vingamos o Profeta!”, em referência a Maomé, alvo constante de charges publicadas pelo jornal.
A capa da última edição do “Charlie Hebdo” publicada antes do ataque traz uma caricatura do escritor francês Michel Houellebecq. Seu último livro, “Submissão”, tem como cenário uma França governada por um presidente muçulmano.
– Em 2015, eu perco meus dentes. Em 2022, eu faço o Ramadã – diz o escritor no desenho, em referência ao ato religioso realizado pelos seguidores do Islamismo.
Conhecida por sua controversa postura anti-religião e amplamente anti-establishment, a Charlie Hebdo defende o seu “direito de blasfêmia”, nas palavras (e desenhos) de Bernard Velhac, conhecido como Tignous, um dos cartunistas mortos no ataque terrorista.
Em 2011 durante a controvérsia sobre uma edição que também causou polêmica entre islâmicos, e motivou um ataque a bomba no escritório da publicação, o editor da revista comentou que o “Charlie Hebdo” havia sido processado 13 vezes por organizações católicas, mas apenas uma vez por um muçulmano.
– Nós publicamos caricaturas a cada semana, mas as pessoas só descrevê-los como declarações de guerra quando é sobre a pessoa do Profeta ou o Islã radical – afirmou o cartunista Stéphane Charbonnier, conhecido como Charb, em 2012. Charbonnier também foi morto durante o ataque.
A última charge publicada por Charbonnier no “Charlie Hebdo” foi classificada por muitos como “profética” após o ataque, e tinha como título “Ainda não houve ataques na França” e mostrava um militante islâmico dizendo: “Espere! Ainda temos até o fim de janeiro para apresentar nossos votos”, em uma alusão aos desejos de Ano Novo.