O pastor Claudio Duarte se posicionou contra o cenário de ativismo judicial e defendeu as manifestações pacíficas programadas para o dia 7 de setembro.
Durante um sermão, o líder evangélico avaliou o cenário como insustentável e indicou considerar que há uma conjuntura propícia para a implantação de um modelo de sociedade inspirado em países que restringem as liberdades individuais.
“Nós vivemos um momento ímpar no Brasil. Acredito que virou uma chave no Brasil. Uma das primeiras pessoas, desde a ditadura, foi presa por expor sua opinião”, disse o pastor.
Definindo como ponto de partida um conceito de respeito ao pensamento contrário, o pastor ponderou que, se a opinião do ex-deputado Roberto Jefferson “foi feita de uma forma equivocada, se havia imagens que não deveriam estar no vídeo”, isso não é motivo para censura.
“Eu até consigo entender se você optar olhar por este ângulo”, disse, reiterando sua postura de respeito às diferenças de leitura do cenário.
Precedentes
Claudio Duarte observou que a prisão veio acompanhada de termos que tendem a ser usados para rotular outras pessoas que, eventualmente, se tornem alvo do mesmo ativismo judicial.
“O que mais me chamou a atenção foi a expressão usada: milicianos digitais. De tudo aquilo que eu ouvi, o que mais me preocupou foi chamar qualquer pessoa que ponha uma exposição contrária numa rede social, receber um título extremamente novo. Eu nunca tinha ouvido isso, foi a primeira vez”, pontuou.
“Indica que qualquer pessoa, daqui a uma fração de tempo, que qualquer pessoa que exponha sua opinião contrária, num país que se diz democrático, vai ser presa. Vai ter, primeiro, sua rede social derrubada. Twitter, Facebook, YouTube e Instagram. Simplesmente por uma exposição de opinião. Não estou defendendo se estava certo ou errado”, acrescentou.
Posicionamento
Após fazer sua defesa da liberdade de expressão, o pastor lamentou que o cenário esteja caminhando para uma atmosfera de conflito no país, que sempre foi marcado por formar uma sociedade de convivência pacífica entre diferentes grupos sociais.
“Acho que durante muito tempo, equivocadamente, nós recebemos a informação de que o crente não deveria se envolver em política”, disse, criticando a alienação política que foi imposta ao segmento evangélico durante muito tempo.
“Nós estamos à beira de uma revolução. Nós estamos à beira de uma guerra civil e eu não estou potencializando. Eu estou alertando a Igreja”, enfatizou.
Mesmo com tal cenário, os evangélicos brasileiros permanecerão cumprindo seu papel bíblico: “Vamos continuar orando, jejuando, clamando a Deus, porque a nossa nação é uma nação de paz”.
De forma sutil, o pastor indicou que o país está sob uma ditadura: “Nós temos algumas pessoas, na nossa nação, achando que sabem o que é melhor para todos nós. Algumas pessoas acham que nós somos lesados e que não sabemos nada, e que eles sabem o que é melhor para nós. Que isso fique claro”.
Influências estrangeiras
Sem citar nomes, o pastor referenciou o caso do embaixador chinês no Brasil, Yang Wanming, que comemorou a ordem arbitrária de prisão de Roberto Jefferson.
“Vou te pedir para olhar, hoje, situações atuais, de países cujos quais o sistema está sendo idealizado para ser implantado no Brasil. Dê uma olhada na internet. Veja o que o embaixador de uma nação disse, o que foi, anteontem, para ele, aquele dia aqui no Brasil”, desabafou.
O pastor enfatizou estar “medindo as palavras” para não se expressar de forma que pudesse ser entendida como excessiva: “Falei hoje para minha mulher. Não dá mais. Prefiro que meu neto olhe para mim, ou para o meu nome, daqui a alguns anos e diga ‘vovô levantou uma bandeira, lutou por ela, morreu por ela, não foi covarde’, do que calar minha boca”.
Em seguida, reiterou a cosmovisão cristã: “Também não estou aqui para infringir leis. Eu só entro contra uma lei quando a Bíblia diz, quando ela me expõe a fazer algo que o meu Deus diz para fazer”.
7 de setembro
“Dia 7 de setembro é um dia marcante para o Brasil. Divulgue isso. Eu não quero saber se você gosta de A ou B, ok? Você não gosta do Malafaia? Você tem todo direito de não gostar. Você não gosta de sicrano, você não gosta do [Magno] Malta, você não gosta… você tem todo o direito. Você não gosta do [jornalista] Alexandre Garcia? Você tem todo o direito. Mas é importante nós posicionarmos, porque não dá mais”, urgiu.
Duarte deixou claro que se o modelo de sociedade sem liberdades individuais inspirado no comunismo vingar no Brasil, um dos primeiros lugares a serem silenciados será a igreja: “Já já nós não vamos poder falar nada mais dentro de uma igreja”.
“Preste atenção: para pregar o Evangelho, eu não preciso falar contra a homossexualidade. Para pregar o Evangelho, eu não preciso falar contra racismo. Eu posso pregar o amor de Cristo e Ele transforma as pessoas. ‘Ué, pastor, então por quê o senhor está falando?’. Porque já já eu não vou poder falar mais sobre Cristo na igreja. Porque ‘ninguém mais precisa de transformação, porque nada mais é pecado’”, alertou.