O professor André Lajst avalia que a ascensão do Talibã ao poder no Afeganistão irá impulsionar atentados terroristas ao redor do mundo, já que os extremistas agora terão a máquina estatal para financiar ações do tipo.
André Lajst é especialista em relações internacionais e doutorando em ciências políticas. Ele foi convidado pelo programa Pânico, da rádio Jovem Pan, para comentar o contexto geopolítico após a determinação do presidente Joe Biden de evacuar o país.
Lajst definiu o cenário como “uma volta a um momento sombrio, à luta contra o terrorismo”, já que a tomada do poder irá incentivar outros grupos extremistas muçulmanos a intensificar seus crimes.
“Os grupos [terroristas] veem isso e enxergam um incentivo gigante de continuar sua luta. O Hamas vê isso como incentivo, Al-Qaeda. [Passam a ter] campos de treinamento, dinheiro. Você está falando de um país, agora”, explicou.
O reconhecimento do Talibã como governo legítimo por parte de países como China, Paquistão e Rússia, por exemplo, permitirá que os extremistas possam estabelecer relações diplomáticas e comerciais com esses países.
“Se eles têm governo, são reconhecidos, vão ter crédito, vão negociar com outros países, receber dinheiro de impostos, ou seja, eles podem bancar grupos, pessoas, e mandar pessoas para fora. Da mesma forma que o Irã tem isso, e que o Hezbollah comanda parte do Líbano e faz isso, e que a Síria, virou um caos, e tem grupos lá que fazem isso”, ilustrou.
O grupo terrorista que mais avançou no Oriente Médio há alguns anos foi citado como exemplo: “O Estado Islâmico, por um dado momento, também dominou um território onde tinha petróleo. O Talibã agora, com o Afeganistão. São 32 milhões de pessoas, eles vão ter recursos para mandar pessoas para fora e também para incentivar o terrorismo”.
“Isso é prejudicial para a região, a gente está falando de um retrocesso. São 20 anos de guerra em vão”, encerrou.
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