Um criminoso condenado a 495 anos de prisão por uma série de crimes se viu sem esperança de um dia deixar a prisão. Desesperado, dedicou-se a formar uma imagem de violência, para que fosse respeitado na cadeia. Mas sua história sofreu uma reviravolta depois que ele entregou sua vida a Jesus.
Aos 22 anos, Ron Adkins sofreu cinco sentenças de 99 anos cada por arrombamentos cometidos no estado do Texas. Depois de preso, recebeu mais cinco anos de pena adicional depois de ter sido flagrado com um celular na cela, o que totalizou 500 anos de cadeia.
Ron, então, desenvolveu a fama de um perigoso detento, sinônimo de problemas. Até para usar o banheiro ele era algemado pelos guardas, para evitar que se envolvesse em brigas. “Eu comecei a fazer uma reputação, criando uma vida para mim na prisão. Por isso, eu me tornei muito violento”, relembrou.
Depois de tantos incidentes, com 250 violações na prisão, ele foi confinado em uma solitária, onde passou 13 anos. Lá, ele tinha à sua disposição um exemplar da Bíblia Sagrada, que ele não se interessava por ler. “Metade das páginas estava faltando porque eu a usava como seda. Eu estava fumando cigarros com escritos bíblicos. Assim, tudo o que restou da Bíblia foi o Novo Testamento”, contou.
Sozinho e com tendência suicida, ele terminou abrindo o coração para Deus, de acordo com informações da emissora Christian Broadcasting Network (CBN News). Das páginas que restaram, Ron disse que aprendeu sobre graça, perdão e o amor de Deus, o que o levou a deixar a gangue e se unir a um estudo bíblico realizado na prisão.
Com o tempo, ele se matriculou em cursos ministeriais e conseguiu ficar longe de problemas. Em 2012, enquanto Ron aprendia mais e mais sobre o Evangelho e crescia em sua fé, mantendo o”bom comportamento”, ele vivenciou seu primeiro milagre: uma revisão judicial o pegou de surpresa, pois recebeu liberdade condicional com 80 anos de antecedência do prazo inicial ao qual havia sido condenado.
Depois de quase um quarto de século preso, ele foi libertado em maio de 2015. “Foi incrível. Eu nem acreditava que fosse real até passar pelo portão”, lembra Ron, que conseguiu emprego como operador de equipamentos pesados.
Nos dias de folga, ele passou a compartilhar seu testemunho em igrejas e conferências de reforma da justiça criminal, e nesses eventos, terminou conhecendo a mulher que se tornou sua esposa, Dawn Knighton, que também cumpriu pena e agora atua como conselheira cristã licenciada.
O juiz da sentença
Ron e sua esposa, Dawn, mudaram-se para a Flórida em agosto de 2017, mas retornam ao Texas pelo menos uma vez por mês, já que os laços com a comunidade se intensificaram. Em um desses eventos, ele terminou por se encontrar com o juiz que o havia condenado a 495 anos de prisão.
Robert Newsom, um ex-policial que seguiu carreira como promotor e terminou por se tornar juiz distrital, agora atua como administrador-chefe do Condado de Hopkins e juiz de sucessões. “Eu acredito na lei. Eu promovo a lei. Eu permaneço com a lei”, disse Newsom, que também é ministro ordenado do ministério Cristo pelas Nações. “Por outro lado, há um lugar para a misericórdia embutido em nossa lei”, pontuou.
Quando se reencontraram e foram apresentados, o ex-juiz distrital tomou a iniciativa: “Eu disse: ‘Estamos bem?’ Ele me agarrou e me abraçou muito firme”, relembrou Newsom. A partir de então, os dois desenvolveram uma intensa amizade baseada na fé cristã: “Eu nunca fui para a prisão. Eu nunca fiz algumas das coisas que Ron fez. Mas eu sou um pecador salvo pela graça como Ronnie é. Somos irmãos”, enfatizou.
Essa reconexão fez com que o juiz Newsom apresentasse Ron ao xerife local que, por sua vez, deu a ele e a sua esposa, Dawn, acesso à cadeia do condado para compartilhar suas histórias de vida e conversão com os detentos.
A partir disso, o xerife do condado de Hopkins, Lewis Tatum, disse que testemunhou uma mudança dramática no comportamento e na atitude dos detentos desde que o casal começou a atuar na prisão: “Parece que não há tanta hostilidade. Eles parecem mais focados. Eles são mais agradecidos. Eles sempre falam e querem apertar sua mão. Costumava ser [diferente], eles nem queriam fazer contato visual com você”, relatou o xerife.
O ministério do casal de ex-detentos produziu também outros frutos: detentos entregaram suas vidas a Jesus e decidiram passar pelo batismo nas águas. O impacto dessa mudança foi tamanho que até funcionários da prisão também se converteram.
Segundo o juiz Newsom, o ministério deles provocou um “mini reavivamento” no condado. Ron Adkins acredita que este novo capítulo é uma evidência de que seu passado está sendo substituído por algo que deixará um legado duradouro: “No mesmo lugar onde fui condenado a morrer na prisão, Deus vai nos usar para trazer as coisas mortas de volta à vida”, comemorou.
“E é isso que ele está fazendo. Na prisão, nas noites de adoração, nas reuniões de oração: Ele está apenas trazendo coisas mortas de volta à vida”, concluiu Ron.