Uma escavação feita para a construção de um balneário para peregrinação de cristãos na Galileia revelou um sítio arqueológico do local que os arqueólogos e historiadores acreditam ser a cidade natal de Maria Madalela. No local, foi encontrada também uma sinagoga onde, segundo os especialistas, Jesus teria pregado.
A escavação no local se iniciou quando o Instituto Pontifício Notre Dame de Jerusalém, complexo centenário que oferece acomodações e ponto de encontro sereno para peregrinos cristãos, decidiu construir um prédio similar na região da Galileia, norte de Israel. De acordo com a Bíblia foi nesse local que ocorreu a maior parte dos milagres e do ministério de Jesus.
Para a construção, o instituto comprou quatro terrenos na praia norte do Mar da Galileia, nos arredores da pequena cidade israelense de Migdal e do vilarejo árabe destruído de Al-Majda.
Os planos para a construção era de derrubar os chalés do antigo balneário Hawaii Beach, construídos no local na década de 1960, para construir no lugar um hotel para 300 hóspedes, um restaurante e um centro espiritual à beira do lago.
Após todo o planejamento para início das obras, que incluiu a contratação de arquitetos e obtenção das licenças necessárias à construção, o que aconteceu em 2009, foi iniciada a escavação arqueológica no local, que é um procedimento de rotina para construções em Israel.
As escavações foram iniciadas como apenas um procedimento de rotina, sem que esperassem encontrar nada no local. Porém, para surpresa de todos, pouco abaixo da superfície foi encontrado um banco de pedras, que acabou se revelando fazer parte de uma sinagoga do primeiro século.
Encontrada no local exato onde os arquitetos planejavam construir uma capela ecumênica, a sinagoga é uma das únicas sete do período do Segundo Templo que se sabe existir, e a primeira a ser encontrada na Galileia. Em um cômodo lateral da sinagoga foi encontrada também uma moeda datada do ano 29, período em que Jesus ainda estaria vivo.
Os envolvidos na escavação contam, segundo o Zero Hora, que quando encontraram o local imediatamente pensaram no versículo bíblico Mateus 4:23, que diz: “Jesus percorria toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino e curando toda doença e enfermidade do povo”.
Com os estudos feitos no local, se descobriu que ali era Magdala, e não apenas perto de Magdala como se pensava inicialmente. Além da sinagoga, foi encontrado um mercado antigo e uma área separada de cômodos com piscinas adjacentes, além de uma vila grande ou prédio público com mosaicos, afrescos e três banhos rituais, um bairro de pescadores, pontilhado com anzóis antigos e outros equipamentos e o pedaço de um porto do século primeiro.
Com as descobertas, os planos para a construção precisaram ser alterados, de forma a acomodar os sítios arqueológicos, e o restaurante e o hotel ainda não foram terminados.
Em uma área nos arredores, que pertence à ordem católica dos Franciscanos, foram realizadas escavações que também revelaram ruínas antigas, mas nada da importância dos restos do século I de Magdala. A propriedade franciscana ainda é particular, mas Magdala foi aberta ao público.
Dina Gorni-Avshalom, arqueóloga que chefia o sítio em nome da Autoridade Arqueológica de Israel, explicou que a sinagoga e a mesa de leitura que foi encontrada nela deram aos pesquisadores uma noção sobre o vínculo dos judeus do norte e o templo de Jerusalém, e também das ligações entre o judaísmo e o cristianismo primitivo. Além disso, ela afirma que existem “provas circunstanciais” suficientes para presumir que Jesus teria passado por aquela sinagoga.