Lideranças cristãs olham preocupadas para as possibilidades do futuro próximo diante da influência que a cultura secular exerce sobre crianças e adolescentes, e uma pesquisa corrobora esse temor, já que foi constatado que a maioria dos jovens nessa fase rejeita as verdades que formam a cosmovisão bíblica.
O Centro de Pesquisa Cultural (CRC) da Universidade Cristã do Arizona divulgou dados de um estudo sobre a aceitação, por crianças e adolescentes contemporâneos, do que seriam os sete principais pontos da cosmovisão bíblica.
Para os fins do estudo, os pesquisadores norte-americanos consideraram “adolescentes” o grupo entre 8 e 12 anos. Embora essa definição de faixa-etária seja distinta do que se pratica no Brasil – onde seriam considerados crianças e pré-adolescentes – o resultado implica que há uma rejeição, por parte do grupo que formará as gerações futuras, dos conceitos cristãos.
A pesquisa ouviu 400 “adolescentes” entre novembro e dezembro de 2022, e o relatório dos dados foi publicado agora, em um livro escrito por George Barna, conceituado pesquisador evangélico que se dedica a temas que envolvem o mundo cristão e diretor do CRC.
Rejeição preocupante
O livro, Raising Spiritual Champions: Nurturing Your Child’s Heart, Mind, and Soul (“Criando Campões Espirituais: Nutrindo o Coração, Mente e Alma de Seus Filhos, em tradução livre), aponta que somente 3% dos entrevistados abraçam todos os sete pilares.
A pesquisa definiu como cosmovisão bíblica “um meio de experimentar, interpretar e responder à realidade à luz das perspectivas bíblicas” que “fornece uma compreensão pessoal de cada ideia, oportunidade e experiência baseada na identificação e aplicação de princípios bíblicos relevantes para que que cada escolha que fizermos seja consistente com os princípios e mandamentos de Deus”.
A pesquisa mostrou que 69% dos adolescentes acredita que “Deus existe e é o onisciente, todo-poderoso e perfeito Criador e governante do universo”, mas conforme as perguntas se tornavam mais específicas sobre o significado disso na vida prática, as porcentagens de concordância foram despencando.
O relatório diz que a concordância com os pontos rejeitados pelos entrevistados “aumentam dramaticamente a probabilidade de uma pessoa desenvolver uma cosmovisão bíblica”, o que significa dizer, na prática, que a chance de se tornarem cristãos guiados por esses princípios é muito pequena.
Apenas 36% dos entrevistados concordam que “como pecador, a única solução para as consequências do pecado é reconhecer os seus pecados, pedir a Deus que o perdoe através de Jesus Cristo e confiar n’Ele para salvá-lo dessas consequências”.
Outros 35% dos adolescentes pensam que “o pecado é real e significativo; somos todos pecadores por opção”, enquanto somente 27% identificou a sua “razão mais importante para viver” como o compromisso de “fazer o que Deus quer”. Seguindo a tendência cada vez mais restritiva, apenas 25% disse que “confia na Bíblia porque é completamente verdadeira” e “pessoalmente relevante” para a vida deles.
Quando questionados se viam a Bíblia como “uma compreensão completa e confiável do certo e do errado”, o percentual caiu ainda mais: 21% responderam que sim. Outra queda foi registrada entre os que consideram “sucesso” como algo que seja coerente “com o que a Bíblia ensina”: 17%.
Crença customizada
O estudo mostrou que 32% dos entrevistados abraça apenas um ou dois dos sete pontos que formam a cosmovisão bíblica, com outros 26% que acatam três ou quatro, e outros 26% que rejeitam todos.
Somente 13% com cinco ou seis dos pontos que formam a base da cosmovisão bíblica, ao passo que a maioria quase total, 96% diz que já ouviu falar do céu e do inferno; 79% diz já ter ouvido que o céu se trata de um lugar real e 73% em relação ao inferno.
“Uma proporção inesperadamente grande de crianças (67%) disse acreditar que depois de uma pessoa morrer, ela irá para o céu ou para o inferno com base na forma como viveu a sua vida e no que acredita sobre Jesus Cristo”, observou o relatório do CRC. “No entanto, embora 30% das crianças entre os 8 e os 11 anos tenham notado a sua incerteza, esse número caiu para apenas metade (15%) entre as crianças de 12 anos”.
A maioria das crianças (61%) disse aos pesquisadores que esperavam ir para o céu depois de morrerem, enquanto 2% entendem que irão para o inferno. 20% dos entrevistados tinham outras ideias sobre para onde iriam depois de morrer, enquanto 17% afirmaram não ter certeza”.
Pais omissos
George Barna, porém, fez um alerta: “Sabemos quais práticas são mais eficazes no desenvolvimento de jovens discípulos. O único fator que falta é uma massa de pais, avós, pastores, professores, treinadores e outros influenciadores que estão dispostos a fazer disso a sua principal prioridade na vida”, cobrou.
“Se esses influenciadores realmente amam ou se preocupam com os jovens, então aplicar práticas eficazes de fazer discípulos não deveria ser um obstáculo significativo. Qualquer pai pode fazer parte da solução, se assim o desejar. Tudo começa com o compromisso de criar um campeão espiritual, o que requer um plano sólido que o adulto implemente consistentemente. O plano exige uma dieta constante de ensino, discussão e modelo de princípios bíblicos e avaliação de quão bem a criança está se saindo na compreensão e aplicando esses princípios”, acrescentou.
O pesquisador lamentou que as crianças estejam em um “processo de adotar o sincretismo como sua visão de mundo dominante”, uma compreensão que mistura diversas crenças absorvidas por conta de diferentes influências: “Elas estão seguindo os passos de seus pais, dos quais apenas 2% têm uma cosmovisão bíblica e 96% são sincretistas. Essa mentalidade e estilo de vida são modelados para seus filhos todos os dias e se tornaram a confortável posição padrão entre a maioria dos adultos, adolescentes e crianças que se autodenominam cristãos”, finalizou, de acordo com informações do portal The Christian Post.