As crianças começam a desenvolver uma visão do mundo já aos 15 meses de idade, e os pais cristãos estão falhando no discipulado durante os anos de formação. Essa é a conclusão de uma pesquisa recente sobre a educação de filhos a partir da cosmovisão cristã.
Aos 13 anos de idade, as cosmovisões estão praticamente estabelecidas e não mudam ao longo do resto da vida, comentou o pesquisador George Barna, diretor de pesquisa do Centro de Pesquisa Cultural da Arizona Christian University (ACU).
Ele dedicou dois anos de pesquisa de sete estudos originais relacionados à criação intencional de crianças com uma cosmovisão bíblica definida como teísmo bíblico, em um esforço conjunto do Centro de Pesquisa Cultural da ACU e do Conselho de Pesquisa da Família.
“Quero acordar as pessoas – especialmente os pais de crianças pequenas, bem como os indivíduos que têm influência cultural significativa para compreenderem que o tempo é essencial para transformar a forma como educamos os filhos”, declarou o pesquisador em um comunicado.
Os cristãos têm adotado uma abordagem errada no desenvolvimento de cosmovisões bíblicas na sociedade, concentrando-se principalmente nos adultos em vez das crianças, disse Barna.
Correção de rumos
Como um pesquisador ao longo dos últimos 40 anos sobre fé, cultura e cosmovisão, ele afirmou que os Estados Unidos “tem claramente caminhado na direção errada há décadas no que diz respeito à visão de mundo”. Embora sua fala se refira à sua terra natal, o contexto cultural no Brasil absorve muito do que acontece naquele país, fato que se repete no segmento evangélico.
“O que ficou bastante claro durante a minha pesquisa é que há pouca informação objetiva sobre as condições relacionadas com a fé, o discipulado e a visão do mundo das crianças. E os pais precisam desesperadamente de recursos e apoio para ajudá-los no desenvolvimento espiritual dos seus filhos”, acrescentou o pesquisador, de acordo com informações do portal Baptist Press.
Apesar dos esforços cristãos concentrados nos adultos para o ensino de cosmovisões bíblicas, Barna constatou que a abordagem resultou em apenas 4% dos adultos americanos tendo uma cosmovisão bíblica.
No livro Raising Spiritual Champions: Nurturing Your Child’s Heart, Mind and Soul (“Criando Campeões Espirituais: Nutrindo o Coração, a Mente e a Alma de Seus Filhos”, em tradução livre), o pesquisador se debruça sobre o tema. Algumas de suas argumentações tocam o fato de muitos pais terceirizarem o desenvolvimento espiritual de seus filhos, assim como outros aspectos da educação.
Atenção à infância
Barna – que fundou a empresa de pesquisa Barna Group e em 2009 a vendeu a investidores – pontua que 58% dos pais entendem que têm a responsabilidade primária pelo desenvolvimento dos seus filhos, mas ainda assim cometem falhas no processo.
No caso dos pré-adolescentes em geral, por exemplo, 94% dos pais adotam uma “mistura confusa de visões de mundo concorrentes e muitas vezes conflitantes”, o que se explica pelo fato de 22% deles serem cristãos, mas apenas 8% se guiarem pela cosmovisão bíblica.
O pesquisador argumenta que adultos geralmente não mudam sua visão de mundo, a menos que encontrem uma grande crise na vida, e delimita as quatro principais fases de formação dessa compreensão: do nascimento até os 12 anos, um alicerce permanente é formado; entre 13 e 24 anos esse alicerce passa a ser reforçado e aplicado de forma prática na vida; entre os 25 e os 59 anos, os indivíduos tornam-se “evangelistas” promovendo a sua própria visão do mundo; e após os 59 anos, passam a fazer reflexões sobre como essa filosofia de vida funcionou.
O pesquisador também afirma que os pais são os primeiros a discipular seus filhos para viverem a partir de uma cosmovisão bíblica, baseando sua visão nas Escrituras, incluindo Deuteronômio 6:1-9; Provérbios 2: 1-13, 22:6 23:13 e 29:17; e Efésios 6:4.
Na conclusão de seu estudo, Barna aconselha os pais a acreditarem que a sua tarefa mais importante é criar os seus filhos para conhecer, amar e servir a Deus plenamente, e oferece estratégias no seu livro para cumprir a tarefa.