Há 21 dias trabalhando duro em meio aos escombros e dejetos da barragem da mineradora da Vale, em Brumadinho, que rompeu no mês passado, os bombeiros estão obtendo o devido reconhecimento pelo tremendo esforço para resgatar vítimas da tragédia, e não apenas dos adultos, mas também das crianças.
O gesto é simples e muito delicado, mas possui um valor gigante para eles. Se trata da iniciativa de escrever cartas de agradecimento, destacando o trabalho heroico de se expor ao risco da lama movediça e entulhos, para tentar encontrar sobreviventes da tragédia.
“Muito obrigada por salvar tantas vidas. O trabalho de vocês foi uma dádiva de Deus. Vocês têm muito trabalho pela frente e podem ter certeza que Jesus também vai trabalhar na vida de vocês”, escreveu uma menina.
“Podem ter certeza que Jesus também vai trabalhar na vida de vocês”, acrescentou ela em sua carta colorida e com o desenho que faz alusão aos bombeiros.
“Não vai ser com uma carta que eu vou demonstrar a gratidão que eu e todo o Brasil temos pelo trabalho de vocês. Sem vocês o mundo não seria o mesmo. Sem vocês não existiria tanta família feliz com seus familiares”, diz outra carta.
Até o momento, segundo a Defesa Civil do município, 166 mortes foram confirmadas e outras 155 pessoas estão desaparecidas e 393 foram resgatadas, graças ao trabalho árduo do Corpo de Bombeiros e da ajuda internacional enviada por Israel.
O tenente coronel Anderson Passos, que também trabalha na missão de resgate, explicou que essa é uma das formas de cuidado que eles, como profissionais que atuam em situações de crise, também precisam receber da população.
“Nossa missão é buscar vidas, vítimas. Viemos ajudar a comunidade e estamos sendo ajudados. Quem cuida precisa ser cuidado. E temos recebido [esse carinho] de várias formas”, disse ele.
Não apenas cartas, mas serviços de fisioterapia, lavagem de roupas e alimentação também são oferecidos pela população. Uma verdadeira corrente do bem que exemplifica como o ser humano pode se unir e fazer a diferença na vida uns dos outros.
“Todo mundo fica emocionalmente impactado, espiritualmente impactado. Fazer este tipo de trabalho contínuo é realmente desgastante”, disse ele ao G1. “Todos estão sensibilizados. A dor, ela iguala os homens”, disse