“Não vim com o intuito de conhecer uma mulher para casar, mas para fazer novas amizades”, disse Marcelo Luis, um dos poucos homens presentes no Encontro de Solteiros, Divorciados e Viúvos, organizado pelo Ministério Oikos, organização que reúne vários segmentos evangélicos.
O encontro reuniu 280 pessoas. Destas, apenas 4 eram homens. É cada vez mais comum as igrejas organizarem esse tipo de encontro, que visa promover a comunhão entre cristãos que estão à procura de um relacionamento.
Durante os três dias do evento, a programação era intensa. Com cultos pela manhã, o dia era preenchido por atividades como teatro de marionetes e passeios pela praia.
Entre as mulheres presentes, muitas não estranharam a falta do gênero masculino. “O que ocorre é preconceito por parte dos próprios homens, que não gostam de se expor. Mulher é mais comunicativa, mais sensível, gosta de estar com alguém e por isso sai mais”, diz Rosimere Rangel, que falou ao IG.
Para o pastor Gilson Bifano, que participou da organização do evento, o encontro é importante por contemplar uma parcela dos fiéis que não é representada nas igrejas, e isso inclui as católicas.
“Muito se fala dos valores da família, na estrutura e na importância de uma sólida base familiar… na relação de pai, mãe e filhos. Mas e os fieis que preferiram não se casar? E os solteiros que são felizes por serem sozinhos? Ou os divorciados que, por trauma ou opção pessoal, não querem tentar um segundo casamento? Ou ainda os viúvos, que estão na mesma solidão? A igreja precisa abraçar a todos”, defende Bifano.
Ele concorda que os homens preferem não se expor. E vai além, dizendo que a igreja deve trabalhar para quebrar este tabu entre os fiéis do sexo masculino.
A pressão social pelo casamento e mesmo a cobrança por parte de amigos e parentes colocam algumas das presentes em posição defensiva. Muitas pediram à reportagem do IG para não serem identificadas.
Mas outras fazem graça de sua condição. “Somos quase uma espécie de S.A. Você não sabe o que é S.A.? É igual os N.A. (Narcóticos Anônimos), só que aqui se chama Solteiros Anônimos”, disse uma fiel de forma bem-humorada.
Algumas mulheres presentes admitem que faltam “príncipes”no mercado. Luciana Dantas, 41 anos, que participa pela terceira vez do encontro, discorda que este seja mesmo um encontro diferente. Ela diz que a falta de homens é uma constante, mas não perde as esperanças de encontrar sua cara-metade. “Falta príncipe evangélico no mercado. Quando aparece um, é velho e só quer garotinha de 20 anos”, conclui.
Príncipes e princesas
Sobre o ministério de santificação iniciado por Sarah Sheeva, que prega a abstinência sexual até o casamento, o pastor Bifano se diz a favor.
“Sou a favor da pureza sexual, assim como da posição bíblica da heterossexualidade. Sei que já tem igreja evangélica que prega o contrário, mas seguimos a bíblia, que está acima de qualquer constituição. Aqui os valores são da monogamia e do companheirismo. Sexo foi criado por Deus no contexto do casamento, para gerar filhos. Fora disso, não vejo por que manter relação”, afirma convicto.
Como forma de canalizar a energia sexual para outras atividades ele sugere o trabalho social. “Sexo é necessidade, mas não é essencial do ponto de vista biológico. Dá para se canalizar a libido para outras formas de atividade”, propõe.
O Oikos é um ministério de apoio à família cristã e atua também com ministrações e retiros para casais, na área de preparação para o casamento, e outros temas relacionados. O próximo encontro de Solteiros, Divorciados e Viúvos já tem data para ocorrer: novembro de 2013.
Por Jussara Teixeira para o Gospel+