A preocupação em recuperar presos condenados para que, quando cumprirem sua pena, voltem à sociedade capazes da convivência com outras pessoas e ainda produtivos, levou uma penitenciária nos Estados Unidos a investir em cursos religiosos e graduação em teologia.
A penitenciária estadual de Louisiana, localizada em Angola, oferece um seminário interno com cursos que vão de grau de associado (dois anos) em ministérios pastorais até um bacharelado de quatro anos em teologia.
O programa inclui uma variedade de cursos como o grego, hebraico e o chamado “ministério calçada”, onde os presos aprendem técnicas de evangelismo e as praticam com os colegas de cela que ainda não são convertidos.
Nos vinte anos de existência do curso interno de formação religiosa, a penitenciária graduou 250 detentos. Segundo informações do Urban News, a maioria dos diplomados são cristãos, mas quinze muçulmanos também se formaram.
O sucesso do programa levou outro estado, Texas, a adotar um plano semelhante, e agora, outros estados norte-americanos estão analisando a possibilidade de um seminário interno igual.
As parcerias que envolvam a religião, o governo, e penitenciárias estão se tornando comuns, e a Florida está na vanguarda deste movimento. Atualmente, os programas Residencial de Fé e Caráter Básico está em atividade em dezesseis prisões.
Este projeto prevê uma contrapartida secular em compensação às matérias “religiosas”, uma medida para equilibrar a questão em torno da laicidade do Estado, exigida pelo Supremo Tribunal dos Estados Unidos em sua interpretação da Constituição.
Estes estabelecimentos prisionais oferecem aos detentos uma variedade de opções para a programação religiosa e secular. De acordo com um estudo, os presos de mais de 110 diferentes religiões participam. A programação inclui aulas seculares como gestão financeira, conhecimentos de informática, gestão de família, controle de raiva, e outros cursos destinados a ajudar os presos se adaptar à vida após a prisão. As matérias religiosas incluem cultos, grupos de estudo para membros de religiões individuais, programas de abandono do abuso de substâncias químicas, entre outros.
Os favoráveis aos projetos de correção baseados na fé argumentam que o Estado deve acomodar programação religiosa em prisão, pelas seguintes razões: promove um código moral que irá reduzir a reincidência, aumenta a moral do preso, ensina-os a auto-disciplina, não oferece altos custos aos cofres públicos por ser baseado em trabalho voluntário e porque dá resultados. Um levantamento constatou que os detentos de prisões tradicionais têm reincidência de aproximadamente 50% num período de três anos, enquanto que no grupo dos presos que participam de programas religiosos, a reincidência é de 13% no mesmo período.
Os contrários a esses programas dizem que a fé não pode ser tida como o fator que reduz a reincidência pois só são admitidos nos cursos os detentos mais comportados e que esse grupo já tem os menores índices de reincidência. Também argumentam que qualquer programa que mostre compaixão para com os presos e os ajude a prepará-los para a vida após a prisão vai necessariamente reduzir a reincidência.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+