Ex-coordenador nacional da operação Lava Jato e membro da Igreja Batista brasileira, Deltan Dallagnol publicou um artigo em sua coluna na Gazeta do Povo, onde comentou sobre os recentes desdobramentos políticos no país após o fim do segundo turno da eleição 2022 no Brasil.
De acordo com o ex-procurador da República, a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o então presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) representa a “impunidade” que existe no Brasil no que diz respeito ao combate à corrupção.
“A eleição de Lula me causa profunda indignação. Lula presidente é um símbolo visível e gritante da impunidade da corrupção no Brasil”, disse Dallagnol, explicando na sequência que a reação mais provável por parte dos corruptos é a tentativa de vingança.
“O padre Antônio Vieira já chamava atenção para essa impunidade em meados do século XVII. Dizia que os ladrões de galinha roubavam e eram enforcados, enquanto os verdadeiros ladrões, os governantes, roubavam e enforcavam”, escreveu Dallagnol. “Mais do que garantir sua impunidade, promoviam retaliações e vinganças.”
Manifestações
Dallagnol também comentou acerca das manifestações que têm ocorrido pelo Brasil. Segundo o ex-procurador, os protestos são legítimos e refletem a indignação popular, mas é um “equívoco” pedir atuação dos militares sobre o ordenamento das eleições.
“A Constituição brasileira não atribui às Forças Armadas um poder moderador, nem permite que sejam usadas por um poder contra o outro. A Constituição também não autoriza que as Forças Armadas mudem decisões de um Tribunal Eleitoral ou que funcionem como árbitro nas eleições”, opina Dallagnol.
O ex-procurador, então, argumenta que é preciso haver atuação social por meio das vias democráticas, explicando ainda que a união e fé em Deus são requisitos fundamentais para o futuro do país.
“É hora de seguirmos unidos com fé e coragem, lembrando que todos estamos no mesmo avião. Violência, desordem, crime e desrespeito à democracia não prejudicam apenas o piloto que foi escolhido. Prejudicam a todos nós. Eu não gosto do piloto que foi escolhido. Eu acredito que meus colegas passageiros fizeram uma escolha errada”, diz ele.