Pesquisadores arqueológicos de uma universidade dos EUA encontraram mosaicos em uma escavação realizada em Huqoq, Israel, que retratam as juízes Sansão, Débora e Jael, reforçando os textos históricos da Bíblia Sagrada no Antigo Testamento.
Os mosaicos vêm sendo estudados desde 2012, quando foram descobertos pelo grupo de arqueólogos da Universidade da Carolina do Norte (EUA). Entretanto, o achado arqueológico só foi anunciado oficialmente na última quarta-feira, 06 de julho.
Os juízes Sansão e Débora são mais conhecidos pelo público evangélico devido às inúmeras pregações que são feitas em torno de suas histórias de vida. Já a juíza Jael, heroína hebreia de guerra, é um personagem menos abordado em sermões.
Os mosaicos com Débora e Jael estavam em uma sinagoga antiga em Huqoq, e a peça artística que representa os relatos sobre suas vidas no livro de Juízes tem idade estimada em 1,6 mil anos.
De acordo com informações do portal Galileu, a pesquisa arqueológica foi interrompida em 2020 por conta da pandemia de covid-19, mas em 2022 as escavações foram retomadas.
Os pesquisadores acreditam que a sinagoga tenha sido construída entre o final do 4º e início do 5º século d.C., com os retratos em mosaico servindo de painel decorativo, retratando o capítulo 4 do livro de Juízes, quando a juíza Débora e o comandante Baraque vencem o exército cananeu, liderado pelo general Sísera.
A juíza Jael entra em cena quando Sísera, já derrotado, se esconde em sua tenda para não ser capturado pelos hebreus. Quando ele adormeceu, ela o assassinou com uma estaca.
O mosaico retrata Débora sob uma palmeira, olhando para Baraque, que carrega um escudo. Em outra parte, Sísera é representado sentado, e em outra parte, aparece deitado morto no chão, sangrando da cabeça conforme Jael o executa.
Jodi Magness, professora líder da pesquisa, esta é a primeira representação conhecida deste episódio bíblico: “Olhando para o livro de Josué capítulo 19, podemos ver como a história pode ter tido uma ressonância especial para a comunidade judaica em Huqoq, pois é descrita como ocorrendo na mesma região geográfica, a do território das tribos de Naftali e Zebulom”, contextualizou.
Sansão
O juiz hebreu é representando em painéis que contam o episódio em que ele usou raposas (Juízes 15:4) para incendiar os campos inimigos, assim como quando carregou os portões de Gaza (Juízes 16:3).
Nos mosaicos sobre Sansão há uma inscrição em hebraico, ladeada por figuras humanas, animais e criaturas mitológicas, incluindo cupidos. A peça também mostra uma história não registrada na Bíblia, que seria o encontro entre o imperador Alexandre, o Grande, e um sumo sacerdote judeu.
Durante a escavação do sítio arqueológico, em 2019, os pesquisadores encontraram painéis em um dos corredores da sinagoga com figuras de animais identificados por uma inscrição aramaica como as quatro bestas, que representam quatro reinos do livro de Daniel, no capítulo 7.
Um grande painel em outro corredor retrata Elim, local onde os israelitas acamparam perto de 12 nascentes e 70 tamareiras depois de partirem do Egito e vagarem no deserto sem água (Êxodo 15:27).
Entre as peças descobertas após a retomada das escavações está uma inscrição em hebraico dentro de uma coroa de flores, ladeada por painéis medindo quase 2 metros de altura e menos de 1 metro de largura, que mostram dois vasos que sustentam trepadeiras, formando medalhões que emolduram quatro animais comendo cachos de uvas: uma lebre, uma raposa, um leopardo e um javali.
Segundo a professora Magness, essa sinagoga seria a primeira do período mameluco já descoberta em Israel. Os mosaicos foram removidos do local para conservação e novas escavações estão programadas para continuar a partir de junho de 2023.