A primeira audiência do julgamento pela morte do pastor Anderson do Carmo foi marcada por uma bronca da juíza na cantora e deputada federal Flordelis (PSD-RJ), que chegou 45 minutos atrasada, e por uma afirmação da delegada que investigou o caso inicialmente, Bárbara Lomba, sobre relações sexuais entre todos os integrantes da família.
A audiência da última sexta-feira, 13 de novembro, trouxe relatos da delegada Bárbara Lomba sobre um comportamento incomum no seio da família, na época em que Flordelis, Anderson do Carmo e os filhos viviam na favela do Jacarezinho, zona norte da capital fluminense: relações sexuais entre os integrantes da família, uns com os outros.
“Havia relações entre todos ali. Flordelis não se relacionava só com o Anderson e o Anderson não se relacionava só com a Flordelis”, afirmou a delegada, reiterando o que foi relatado por uma testemunha ao longo das investigações sobre rituais com sexo e sangue num contexto que apresentava a atual deputada federal como um ser divino.
Conforme informações do jornal Estado de Minas, a delegada declarou que Anderson do Carmo se tornou marido de Flordelis porque a cantora o considerava o mais apto dentre os homens da casa a exercer “o cargo”.
Bárbara Lomba foi enfática ao dizer que o relacionamento não era compatível com os preceitos cristãos: “Não vou dizer que não havia casamento, mas aquilo que era pregado na igreja, não era”, pontuou.
“Ninguém faria o que fez sem o conhecimento de Flordelis”, acrescentou a delegada, resumindo a percepção sobre a família que foi absorvida por ela ao longo das investigações.
O outro delegado que atuou no caso, Allan Duarte, corroborou as impressões de Bárbara Lomba “Flordelis e Anderson se apresentavam como um casal amoroso para a sociedade, mas às escuras era totalmente diferente”, disse.
Bronca em Flordelis
O início da audiência foi agendado para 13h00 pela juíza responsável pelo caso, Nearis dos Santos Carvalho, da 3ª Vara Criminal de Niterói (RJ). Entretanto, Flordelis chegou ao fórum somente às 13h45, e a magistrada recebeu a ré e seu advogado na entrada do plenário para expressar a reprovação pelo atraso.
“Eu vou pedir para, da próxima vez, não ter atraso, porque a gente está aqui há muito tempo esperando. São quinze para as duas, e a audiência era uma hora da tarde”, repreendeu a juíza.
Ao longo da audiência, Flordelis permaneceu no banco dos réus junto aos outros acusados pelo assassinato de Anderson do Carmo, que são sete filhos e uma neta, além de um policial militar e sua esposa. Quando viu seus filhos, a cantora chorou, e durante seu depoimento, foi enfática ao negar todos os relatos das testemunhas de acusação. Foram raras as vezes que ela concordou com o que estava sendo dito ao longo da audiência.
Deputada federal, Flordelis escapou de ser presa após a acusação formal pelo crime feita à Justiça pelo Ministério Público, por conta de sua prerrogativa de foro devido ao mandato parlamentar. Entretanto, um atentado contra uma testemunha de acusação, com autoria atribuída a ela, levou a Justiça a ordenar seu monitoramento por tornozeleira eletrônica, assim como o recolhimento domiciliar após as 22h00.