Um projeto de incentivo à leitura proporcionou a um detento a oportunidade de, mesmo preso, evangelizar o filho. A história de Alberônio Alves, 40 anos, começou como uma tentativa de se reaproximar do menino de cinco anos de idade.
Preso por ter feito um assalto, Alves está detido em um presídio de Teresina (PI) há dois anos, e depois de ter recebido acesso ao projeto literário “Leitura Livre”, resolveu escrever fábulas para seu filho e compartilhar a mensagem do Evangelho através de histórias infantis.
Segundo informações do G1, Alves criou uma coletânea com dez fábulas, chamada “Jacaré Bitonho: o poder do Espírito Santo”, e as histórias se passam em lugares conhecidos da capital piauiense, como a lagoa da Alvorada, floresta Paraíso e Espaçosa.
“Eu criei o personagem principal com o meu filho, que tinha na época três anos, ainda quando estava em liberdade. Nós costumávamos passear no [parque] Zoobotânico, e tinha um jacaré que ele gostava muito. O jacaré faleceu e ele não parava de perguntar onde estava o animal que não via mais, então eu comecei a contar histórias sobre o jacaré para ele”, contextualizou o detento.
A professora Mercedes Barros, que ministra aulas no presídio, explicou como funciona o projeto literário: “Nós repassamos os livros para os detentos e eles escolhem qual gênero querem ler. Depois escrevem uma resenha crítica sobre a obra e depois analisamos”, explicou.
A partir desse projeto, Alves começou a manifestar interesse pela literatura. No entanto, sua aproximação com Deus se deu após enfrentar dificuldades na cela lotada onde é mantido encarcerado, quando não está trabalhando na limpeza do refeitório.
“Eu comecei a escrever as fábulas do jacaré para meu filho, fazia tudo manuscrito e enviava pela minha mãe. Cheguei a fazer cinco cópias para ele, e eu sempre tinha notícias de que ele pedia mais, que lia muito empolgado. Esses livros também vão poder evangelizar meu filho. Posso estar preso, mas minhas palavras e as de Deus não estão”, afirmou.
Agora, Alves faz planos de transformar sua coletânea de fábulas, escrita especialmente para seu filho, em um livro infantil, e publicá-lo. O detento também quer contar sua história de vida e esse período em que está sendo mantido preso, em um livro que já tem até título: “Na madrugada há esperança”.
A professora destaca a importância do acesso dos detentos à literatura: “Isso é uma forma de humanizar os presos, pois muitos deles não tinham contato com os livros, então esse trabalho tem motivado a criatividade e imaginário deles. O exemplo do Alberônio deve ser seguido para que os pais possam incentivar seus filhos a lerem e também propagar o Evangelho”, comentou Mercedes Barros.