Marina Silva (Rede) fez uma análise do slogan de campanha de seu adversário político, Jair Bolsonaro (PSL), atribuindo a frase “Deus acima de todos” a um suposto estímulo à “guerra santa”, acrescentando que é uma defensora do Estado laico.
A declaração aconteceu durante uma sabatina feita pelo jornal Folha de S. Paulo, o portal Uol e o SBT, na última terça-feira, 04 de setembro. A ex-senadora afirmou que pratica sua fé sem a impor a ninguém, repetindo a cantilena que adotou como estratégia para justificar sua postura de defender plebiscito para legalização das drogas e do aborto.
“Eu tenho uma fé, sim. Sou cristã, da Assembleia de Deus, já fui católica, fui quase freira, e acho que, num país democrático como o nosso, não se deveria estimular essa guerra santa. Isso está fazendo muito mal para o Brasil”, disse, ao criticar o slogan de Bolsonaro, “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”.
“Não acho que para ser presidente da República se deva deixar sua fé. E não é para impor a fé a ninguém. Pelo contrário, cada pessoa pode ter o credo que quiser ou não ter credo algum”, acrescentou.
Os últimos anos no Brasil têm sido marcados por declarações de lideranças políticas, formadores de opinião, juristas e outros a respeito do que seria um pensamento e uma expressão aceitável numa democracia. Em relação a isso, Marina Silva reiterou esses posicionamentos: “As pessoas podem dizer o que elas quiserem, desde que não atentem contra os princípios e os valores da democracia”.
Mais à frente, ponderou que é preciso resguardar direitos nesse sentido: “Se eu não defender a minha liberdade de expressão religiosa, como é que eu vou defender a liberdade de expressão religiosa das outras pessoas?”, questionou, recusando a ideia de limitação desse direito. “Eu costumo brincar que o estado laico é uma bênção e que o Estado é laico graças a Deus. Porque a Reforma Protestante ajudou a fazer a separação entre Estado e igreja”.
“Eu tenho mais de 30 anos de vida pública e, quando eu era cristã católica, da esquerda, do Partido dos Trabalhadores, ninguém perguntava, mas eu defendia as mesmas posições que eu defendo hoje. Talvez pelo fato de eu ser evangélica, da Assembleia de Deus, isso crie algum tipo de preconceito das pessoas em relação a mim. Mas na minha trajetória, de 16 anos como senadora, ninguém nunca vai encontrar um projeto, um posicionamento, uma frase que vá contra o Estado laico. O Estado é laico e tem que continuar laico”, finalizou.