Uma iniciativa do Ministério Pão Diário foi criticada pela GloboNews, que tentou associar a doação de devocionais para policiais rodoviários federais a uma iniciativa do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL).
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) está completando 94 anos e lançou o projeto Capelania Policial, que dentre outras iniciativas, oferece ferramentas para que os servidores cultivem hábitos de saúde integral, incluindo aspectos emocionais e espirituais.
Diante da iniciativa, o Ministério Pão Diário providenciou a doação de livros com devocionais, reflexões e orações diárias à PRF, que disponibilizou o material em todas as superintendências estaduais da instituição para que os policiais interessados possam consultá-lo.
O assunto foi pauta na GloboNews, através da jornalista Camila Bomfim, que criticou o fornecimento do material: “Tenho apurado ao longo dos últimos dias que essa é uma situação que tem incomodado servidores públicos e que configura uma controversa e muito incômoda mistura de fé com trabalho”, narrou.
Segundo Bomfim, “o governo está distribuindo livros sugerindo leitura de versículos da Bíblia para agentes e gestores da Polícia Rodoviária Federal”. A afirmação de que a distribuição é feita pelo governo, no entanto, ignora o fato de que os livros foram doados diretamente à PRF pelo Ministério Pão Diário.
“Internamente, esses servidores estão se sentindo constrangidos e incomodados”, acrescentou a jornalista, sem trazer nenhum testemunho de policial rodoviário federal que, supostamente, estaria insatisfeito com as doações dos livros que foram disponibilizados para consulta de forma facultativa.
A jornalista cobra ainda que livros de outras religiões sejam oferecidos, mas pontua que a PRF não usou dinheiro público na aquisição dos devocionais cristãos: “Foi uma doação […] Perguntei se era com dinheiro público, a PRF diz que não, que é uma doação do Ministério Pão Diário”.
“Agora, apesar de não gerar esse gasto extra, o que se trata aqui nos bastidores é o incômodo por porque há também, além da questão desse livro, encontros religiosos, e aí os servidores dizem que nem todas as religiões são contempladas. Sobre esse ponto específico eu perguntei para a Polícia Rodoviária Federal e eles disseram que há religiões de fora mesmo, apesar do caráter ecumênico do projeto, e que os servidores dessas religiões que não são contempladas devem fazer pedidos justificados à PRF”, finalizou a jornalista, demonstrando que o espaço para cerimônias de outras religiões não é recusado pela instituição.