A presidente Dilma Rousseff planeja enviar ao Congresso uma proposta de emenda constitucional (PEC) para que novas eleições ocorram em outubro deste ano. Próximo do Senado votar se aceita ou não o processo de impeachment, Dilma, em uma cartada final, estaria preparando um pronunciamento em rádio e TV em que renunciaria ao cargo e pediria ao vice para fazer o mesmo.
Ministros do governo, como Jaques Wagner (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) apoiam a ideia de eleição, mas há quem defenda que a manobra seria a negação do discurso de que o impeachment é um golpe. Seria preciso, também, buscar apoio dos movimentos sociais, pois há resistência do MST, por exemplo.
Já o vice-presidente Michel Temer, que vem se movimentando em caso de assumir o cargo por 180 dias após o plenário decidir o destino de Dilma Rousseff, é enfático ao dizer se renunciaria ao cargo: “seria fugir da responsabilidade. Essa, sim, é uma proposta golpista”, disse Temer ao GLOBO sobre a possibilidade, que passou a circular na semana passada.
A oposição também desconsidera a possibilidade de novas eleições presidenciais. A justificativa é que em caso de apenas a presidente renunciar, não existe respaldo na Constituição.
O senador Paulo Paim (PT-RS), que defende a antecipação do pleito, disse que a base governista não possui o número de votos suficientes para aprovar uma PEC, já que não conseguiu barrar o processo de impeachment.
“Percebemos que o impeachment está caminhando e decidimos no meio do caminho encontrar uma alternativa. Claro que hoje não tem voto. Sabemos. Só é viável se houvesse um grande entendimento entre Executivo e Congresso”, disse Paim.
Na próxima quarta-feira (04), o senador Antonio Anastasia, relator da comissão que analisa o impeachment no Senado, deve entregar o parecer para que seja votado pelo colegiado ainda na sexta-feira (06). Caso o parecer seja favorável, ele será enviado ao plenário do Senado, para uma votação no dia 11 de Maio. Se 41 dos 81 senadores entenderem que a denúncia deve ser aceita, Dilma Rousseff será afastada do cargo por 180 dias e o vice Michel Temer assume o cargo.