Uma informação curiosa retomou a discussão no meio acadêmico e também religioso, após o historiador Andrei Lankov, professor da Universidade Kookmin, em Seul, na Coreia do Sul, ter afirmado que Kim Jong-un, atual ditador da Coreia do Norte, é bisneto de missionários cristãos.
A Coreia do Norte ocupa o primeiro lugar na lista mundial de perseguição religiosa, segundo a organização Portas Abertas. O cristianismo é a religião mais perseguida, o que chama ainda mais atenção.
“Os pais de Kim Il-sung eram ativistas cristãos e pertenciam à primeira geração de coreanos a receberem uma educação moderna de estilo ocidental”, disse Lankov. Kim Il-sung foi o avô de Kim Jong-un (atual ditador), falecido em 1994.
Após o Exército Japonês ser expulso da Coreia do Norte pela União Soviética, em agosto de 1945, Kim Il-sung foi eleito pelo regime de Stalin como o líder coreano. Ele se destacou como combatente e por isso obteve o respeito dos aliados de guerra e também da população.
Kim Il-sung, no entanto, nasceu dois anos após a Coreia do Norte se tornar uma colônia do Japão. Ele não vivenciou o período em que seus pais presenciaram um grande avivamento espiritual no país, em 1907, e posteriormente não compreendeu o significado teológico disso, uma vez que viveu em um contexto de guerra.
“Na época de seu nascimento, o regime colonial japonês passava por seu estágio mais repressivo e brutal. O país estava sob ocupação militar, os coreanos não tinham voz em questões políticas e o único jornal em língua coreana era um publicado pela administração colonial”, explicou Lankov, segundo o Korea Times.
“Historiadores da corte norte-coreanos embelezaram e reinventaram a história da família de Kim Il-sung, transformando seus pais em ‘líderes da resistência nacional’. Mas a verdade não é essa. Kim Il-sung nasceu em uma família moderadamente rica e trabalhadora cujos membros tinham envolvimento em atividades de resistência [contra aquele sistema colonial], mas eles não eram líderes de resistência, nem mesmo ativistas proeminentes”, destaca o historiador.
Lankov esclareceu ainda que Kim Il-sung não tinha o interesse de se envolver com política, mas provavelmente por seu destaque na carreira militar, terminou sendo obrigado. Segundo o historiador, o líder coreano se tornou o “pequeno Stalin da Coreia”.
“Uma vez no controle total da situação, Kim introduziria uma versão do comunismo que era consideravelmente mais restritiva que seu arquétipo soviético. Em essência, Kim Il-sung conseguiu sair do próprio formato de Stalin”, destaca Lankov. “O nível de controle estatal foi verdadeiramente sem precedentes na história mundial”.