No turbilhão de acusações que surgiram contra a Igreja Católica nos últimos dias, relacionadas a abusos sexuais cometidos por sacerdotes, um ex-embaixador do Vaticano pediu que o papa Francisco renunciasse ao pontificado. Por sua vez, o líder da denominação negou-se a comentar, dizendo que o documento contra ele “fala por si só”.
Carlo Maria Viganò, 77 anos, foi embaixador do Vaticano e, durante a visita do papa à Irlanda para se encontrar com vítimas de abusos sexuais, divulgou um documento acusando Francisco de ser conivente com estratégias de ocultação dos crimes.
Viganò acusou autoridades atuais e do passado, do Vaticano e da Igreja Católica nos Estados Unidos, de encobrirem o caso do ex-cardeal Theodore McCarrick, 88 anos, arcebispo aposentado de Washington, D.C., que renunciou ao cargo em julho último e foi destituído de seu título clerical após ser acusado de ter abusado sexualmente de um menor há quase 50 anos e ter forçado seminaristas adultos a manterem relações com ele.
Segundo o ex-embaixador, o papa Francisco estaria entre os que agiram para encobrir o caso. “Li o documento hoje de manhã. Li e vou dizer com sinceridade que devo dizer isso, a você (ao repórter) e a todos vocês interessados: leia o documento cuidadosamente e julgue por si mesmo”, disse o pontífice, em resposta.
A sugestão do líder católico é que o desfecho do caso, com a destituição do acusado, é uma prova de que a Igreja Católica não se omitiu na situação.
Vítimas
No último sábado, 25 de agosto, Francisco encontrou-se com vítimas de abusos sexuais na Irlanda, em uma visita que fez ao país exclusivamente para tratar desses casos. O papa pediu perdão e afirmou que tomou conhecimento de situações das quais nunca havia ouvido falar.
“Sofri muito. Acho que tinha que escutar essas oito pessoas. E dessa reunião saiu a proposta – que fiz eu mesmo, mas que elas me ajudaram a fazer – de pedir perdão hoje durante a missa, mas por coisas concretas”, explicou Francisco, que se disse pesaroso por descobrir que muitas moças solteiras foram obrigadas a entregar seus filhos, frutos dos abusos, à adoção, com endosso de instituições religiosas.
“Nunca tinha ouvido falar disso. Foi doloroso para mim”, afirmou o papa, de acordo com informações do portal G1.