A capital alemã, Berlim, será o endereço do primeiro templo ecumênico dedicado às principais religiões monoteístas do mundo: cristianismo, judaísmo e islamismo. O projeto, chamado House of One, é resultado de uma iniciativa de líderes das três crenças.
As obras de construção do templo ecumênico estão previstas para o início de 2019, com duração de dois anos. A iniciativa partiu de um sacerdote islâmico, o imã Osman Örs. “Você já viu rabinos, imãs e padres juntos em uma foto. Mas nunca os viu compartilhando uma casa ou construindo uma casa”, afirmou.
De acordo com informações do jornal Folha de S. Paulo, a House of One (Casa de Um) tem como desafio “mostrar a diversidade de nossas tradições”: “Porque precisamos dialogar não só com pessoas de outra fé mas também com pessoas da nossa própria fé”, disse o imã.
O que chama atenção é que o local escolhido, uma ilha próxima ao rio Spree, foi residência de um pastor por volta de 1237, ano da fundação de Berlim. A gestão do projeto é da Congregação Protestante St. Petri-St. Marien, Comunidade Judaica de Berlim e do Fórum Diálogo, uma entidade muçulmana.
Como os templos judaicos e islâmicos têm exigências arquitetônicas semelhantes – precisam estar voltados para o leste – o projeto do templo respeita essas características: a sala dedicada aos muçulmanos deve ter formato quadrado, enquanto a judaica terá um pé-direito maior, para acomodar as tendas da Festa dos Tabernáculos.
“É um lugar de encontro onde podemos dialogar, também com pessoas de outras fés e mesmo ateus. Precisamos ter uma ponte com os seculares”, comentou Örs, destacando que o templo terá uma quarta sala, central, que ligará os espaços de todas as religiões.
O projeto, que custará de € 43 milhões (R$ 177,6 mi), será pago com doações de entusiastas que ajudam com valores a partir de € 10 (R$ 41) cada. Até a última sexta-feira, 06 de abril, haviam sido arrecadados € 8,6 milhões (R$ 35,5 mi), incluindo € 3,4 milhões (R$ 14 mi) dos governos local e federal.
O total de doadores chega a 2.500 pessoas, de 25 países, incluído o Brasil, com nove pessoas. O líder islâmico disse que a ação conjunta é importante “devido a desafios políticos que temos”, citando movimentos de intolerância, sem mencionar a perseguição a cristãos: “O preconceito, a islamofobia e o antissemitismo estão crescendo”.
“A House of One é um símbolo de esperança. De que nós, as três religiões abraâmicas, podemos trabalhar juntos e viver em respeito”, concluiu o líder muçulmano.