O evangélico Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, passou a ser suspeito de ter recebido R$ 45 milhões em propina para ajudar a aprovar uma emenda a Medida Provisória (MP).
Policiais Federais que fizeram uma busca na casa de Diogo Ferreira, chefe de gabinete do senador Delcídio do Amaral (PT) – ambos presos pela Operação Lava-Jato -, encontraram uma anotação feita à mão em um documento que indicariam o suposto pagamento de propina a Cunha por uma emenda à MP 608, que beneficiaria o Banco BTG Pactual.
O BTG Pactual pertence a André Esteves, que também foi preso na mesma ação que levou o senador petista à cadeia. Esteves seria o financiador do plano de fuga montado por Delcídio do Amaral para o ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró.
A Procuradoria-Geral da República usou o documento com a anotação encontrado na casa de Ferreira para pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) que transformasse a prisão de Esteves de provisória em preventiva, e assim, a informação sobre a suposta entrega de propina a Cunha vazou para a imprensa.
Em seu perfil no Twitter, o integrante da bancada evangélica negou que tenha recebido R$ 45 milhões de Esteves e considerou a acusação como um absurdo: “Desminto o fato e coloco sob suspeição essa anotação. E incrível transformar uma anotação em acusação contra mim. E mais, citam um suposto encontro com pessoas que não conheço e assim como não conheço esse assessor do Delcídio”, escreveu Cunha.
“Repito, o fato é falso, assim como estou achando isso uma armação. Por que não esclareceram com o tal assessor essa anotação? Amanhã qualquer um anota qualquer coisa sobre terceiros e vira verdade? Desafio a provarem qualquer emenda minha que tenha sido aprovada nessa MP. Desafio a encontrarem qualquer participação minha em discussão dessa MP”, acrescentou.
Para o deputado, é possível que tal documento seja fruto de uma armação contra ele: “Estranho também que no dia 8 de novembro tinha já saído uma nota plantada disso e desmentida por mim. Isso está cheirando a armação. Estou revoltado com essa divulgação absurda de um fato absurdo, é falso”, publicou. “Tinha duas emendas a essa MP que foram rejeitadas. Uma para acabar com exame da OAB. A outra era exatamente o contrário do que estão acusando. Tirar a possibilidade do tal benefício que me acusam de aprovar. Ou seja, uma anotação que não se é verídica me acusa de aprovar emenda ao contrário da emenda que apresentei e que foi rejeitada. Ou seja, propus o contrário do que essa suposta acusação acusa”, defendeu-se.
Impeachment
Na última semana, Eduardo Cunha havia reiterado sua promessa de revelar sua decisão sobre os pedidos de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) até o fim do mês de novembro, que se encerra hoje, 30.
“Eu ia antecipar a decisão. O problema é que a decisão de um [pedido] praticamente antecipa o posicionamento de outro. Esses aí vou fazer em conjunto mesmo. Todos nesse momento já têm parecer, e tem até parecer contraditório. Estamos discutindo”, afirmou Cunha na última quinta-feira, 26 de novembro.