A impossibilidade de se pedir a prisão de Flordelis (PSD) pelo suposto envolvimento da deputada com o planejamento da morte do pastor Anderson do Carmo por conta de sua imunidade parlamentar é vista como algo temporário por parte de analistas políticos, já que a tendência é que a Câmara dos Deputados casse seu mandato.
O Ministério Público denunciou Flordelis à Justiça por cinco crimes: homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima), associação criminosa, falsidade ideológica e uso de documento falso, além de tentativa de homicídio, por conta do envenenamento causado a Anderson meses antes do assassinato.
O jornalista Guilherme Fiuza, comentarista do programa Os Pingos nos Is, da rádio Jovem Pan, entende que na prática, Flordelis está livre temporariamente: “É um caso escabroso, terrível, mas eu acho que com o amadurecimento dessa investigação chegará o momento, sim, da Câmara decidir pela cassação e posterior execução de uma sentença contra ela”, afirmou.
José Maria Trindade, que é veterano na cobertura jornalística dos bastidores de Brasília, enxerga o caso da mesma maneira, e recapitulou outros crimes envolvendo deputados federais ao longo da história recente do país para exemplificar o motivo de sua convicção de que Flordelis será cassada pelos colegas de legislatura.
“Ela não é a primeira deputada assassina da Casa. Nós tivemos aqui o homem da motosserra. Hildebrando Pascoal, serrou com motosserra um rapaz adversário lá no Acre e veio correr na imunidade parlamentar. Os deputados naquela época, era só não dar licença [que] o Supremo não julgava. Preferiram cassar Hildebrando Pascoal e ele foi condenado a 103 anos de prisão”, disse Trindade, referindo-se ao deputado eleito em 1998 pelo PFL (atual DEM) e cassado no ano seguinte.
“Depois, o Talvane Albuquerque matou a deputada Ceci Cunha, do PSDB, uma pessoa maravilhosa, porque ele era suplente, para assumir a vaga dela. Um médico, acima de toda suspeita, foi preso e condenado a 130 anos de prisão. Então, sim, não são os primeiros casos. Esse caso de Flordelis fede. Se você olhar lá, os diálogos, aquela família de quase 50 pessoas, aquilo era tudo fachada, e sim, um grupo criminoso”, acrescentou o jornalista.
Para Trindade, “o pastor acabou sendo vítima do que ele construiu em volta dele”, uma vez que as revelações dos bastidores do crime demonstram isso. “Ninguém constrói uma família e não conhece a família. Ela [Flordelis] vai ser cassada”, reiterou.