Um grupo feminista está promovendo uma bandeira ideológica em torno da oração que Jesus ensinou aos discípulos, propondo que a Deus seja tratado como mulher: “Em nome da mãe, da filha e do Espírito Santo”.
Alegando serem “mulheres católicas”, o grupo feminista se reuniu em um evento próximo ao Vaticano para defender a ideia de mulheres exercendo liderança na Igreja Católica, exigindo que exista ordenação de sacerdotisas, com igualdade e visibilidade para elas dentro da denominação romana.
“É muito importante que a Igreja Católica se envolva nesta questão, não apenas internamente, mas também externamente, dada a contribuição que dá na esfera da educação e na esfera da saúde”, disse Chiara Porro, embaixadora da Austrália junto ao Vaticano.
A embaixadora afirmou ainda que nos últimos quatro anos o Vaticano apressou mudanças para nomear mulheres em cargos de alto escalão. Coincidentemente, os últimos quatro anos foram o período de declarações ideológicas mais fortes da parte do papa Francisco, que chegou a afirmar que a “a Igreja é mulher”.
Atualmente, segundo a embaixadora australiana, o número de mulheres embaixadoras no Vaticano subiu para 40: “É um grupo incrível, um grupo informal, e viemos de muitas áreas diferentes do mundo. Apoiamos uns aos outros, compartilhamos ideias, fazemos articulações”, disse.
De acordo com informações do portal Religion News Service (RNS), Chiara alegou que o papa Francisco apoia a tendência.
No dia 07 de março, mulheres teólogas, especialistas e líderes reuniram-se para uma discussão de um dia sobre a liderança feminina, e a missionária ordenada e teóloga Maeve Louise Heaney fez uma apresentação criticando a teologia católica sobre o papel feminino: “Eles falam de complementaridade e nomeiam a contribuição das mulheres como essencialmente diferente da dos homens”.
Heaney propôs que a sua ideia de Deus e do Espírito Santo como sendo masculino seja mudada, e afirmou que sua sobrinha praticante de yoga ora ao “Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. E a Mãe, a Filha e o Espírito Santo”.
Uma pesquisa de 2022 com 17.200 mulheres em 104 países realizada pelo fórum internacional Catholic Women Speak descobriu que dois terços das mulheres na Igreja apoiam a “reforma radical”, com 29% dizendo que considerariam deixar a Igreja se as mulheres não recebessem mais destaque.
“Acho que as pessoas têm o direito de ouvir as mulheres pregando. Existem espaços em que a melhor pessoa para falar sobre um tema seria uma mulher. E acho que uma estrutura teológica, doutrinária e de direito canônico poderia abrir espaços para que isso acontecesse”, propôs a militante feminista e teóloga.