Agressores não-identificados esfaquearam um pastor até a morte no estado de Kaduna, na Nigéria. O corpo foi encontrado por um grupo de busca formado após seu desaparecimento.
O pastor Silas Ali dirigia a igreja ECWA, localizada em Zango Kaaf, uma área pertencente ao governo de Kaduna. Ele desapareceu após sair de casa no sábado para obter informações sobre uma área de perfuração em Kafanchan.
As informações iniciais indicam que o pastor Silas foi atacado enquanto passava pela comunidade Kibori, próximo do local onde seu corpo foi encontrado.
O comissário de Segurança Interna e Assuntos Internos do Estado de Kaduna, Samuel Aruwan, confirmou o assassinato do pastor e disse que as agências de segurança iniciaram uma investigação.
O governador do estado de Kaduna, Nasir El-Rufai, descreveu o assassinato como cruel e enviou suas condolências à família do pastor e à Igreja ECWA, segundo informações do jornal The Guardian Nigeria.
Genocídio
Embora os agressores não tenham sido identificados, milhares de cristãos vêm sendo mortos na Nigéria, seja por pastores de gado da etnia Fulani que se tornaram radicais islâmicos, seja por militantes de grupos de jihad, como o Boko Haram.
Em julho, um grupo da sociedade civil, a Sociedade Internacional para as Liberdades Civis e o Estado de Direito, ou Intersociedade, divulgou um relatório estimando que pelo menos 3.462 cristãos foram mortos e pelo menos 3.000 cristãos foram sequestrados em apenas 200 dias.
O relatório também estima que nada menos que 300 igrejas e 10 padres foram atacados.
Muitos consideram que o governo nigeriano reage inadequadamente para proteger seus cidadãos.
“O governo nigeriano continua a enfrentar duras críticas e fortes acusações de culpabilidade e cumplicidade nos assassinatos e supervisão dos mesmos”, disse a Intersociety no relatório.
“As forças de segurança do país se atrapalharam e se comprometeram tanto que dificilmente intervêm quando os cristãos vulneráveis estão sob risco de ameaças ou ataques, mas só surgem após esses ataques para prender e armar para a mesma população ameaçada ou atacada”, acrescentou.
A Nigéria, o país mais populoso da África, está em 9º lugar na Lista de Perseguição Mundial da Missão Portas Abertas, dentre 50 países, devido a um nível “extremo” de opressão islâmica.
De acordo com informações do portal The Christian Post, os ataques de extremistas muçulmanos na África Ocidental têm aumentado desde o início de 2021, e a Nigéria é mais visada do que qualquer país da região, avaliou o grupo de vigilância contra perseguição cristã, International Christian Concern.
“Os cristãos foram alvos específicos e desproporcionalmente afetados por esta violência. As respostas do governo claramente não são suficientes, uma vez que os perpetradores de tal violência podem continuar atacando cristãos e outros nigerianos, com impunidade”, protestou Illia Djadi, analista sênior da Portas Abertas sobre liberdade religiosa na África Subsaariana.
O Índice Global de Terrorismo classifica a Nigéria como o terceiro país mais afetado pelo terrorismo no mundo. Ele relata que, de 2001 a 2019, mais de 22.000 pessoas foram mortas por atos de terror.
Mark Jacob, um advogado nigeriano e ex-procurador-geral do estado de Kaduna, disse no mês passado que “assassinatos selecionados de cristãos, particularmente na região do ‘Cinturão Médio’ da Nigéria” vinham acontecendo sistematicamente, e ele mesmo precisou comparecer a várias cerimônias de sepultamento de cristãos.