Uma instituição cristã vem sendo acusada da extremismo por apresentar a Bíblia Sagrada a alunos de escolas mantidas por igrejas no Reino Unido. Os opositores consideram o conteúdo uma “ideologia potencialmente prejudicial”.
As acusações, no entanto, são negadas pela ONG Crossteach: “Sempre que possível, trabalhamos em parceria com as igrejas locais e refletimos seus ensinamentos, sempre visando ser sensíveis ao contexto local, e reconhecendo que as igrejas variam. Ensinamos o Cristianismo dominante”, disse Wayne Harris, diretor nacional da entidade.
De acordo com Harris, “em 16 anos de trabalho com escolas cristãs, nenhuma professora nunca levantou uma preocupação de que algo tenha sido dito que pudesse ser interpretado como um discurso de ‘ódio’ ou ‘extremista’ e refutamos fortemente essa alegação atual dos pais”.
O diretor relata que, “pelo contrário”, a reposta ao trabalho da entidade é sempre positiva: “As escolas têm expressado consistentemente o apreço pela contribuição que a Crossteach faz e pela qualidade do trabalho”, acrescentou Harris.
O jornal The Telegraph informou na última semana que Dan Turvey, diretor da Escola Primária da Igreja da Inglaterra, em Tunbridge Wells, alegou que havia ouvido reclamações dos pais e, por isso, decidiu proibir as ações da Crossteach em sua escola. A principal queixa era que alguns pais não gostaram que seus filhos tenham sido ensinados sobre o conceito do pecado.
Um dos pais queixosos, sob condição de anonimato, teria dito: “Eu sei que algumas das crianças ficaram chateadas pelo que ouviram. Ninguém se importa com a história do nascimento de Jesus e outras histórias da Bíblia, mas considerando que a maioria dos pais na escola não são cristãos praticantes, eu acho que o sentimento é que tudo é demais”.
“Em Tunbridge Wells, a grande maioria das escolas primárias são afiliadas à Igreja, por isso é como se você não tivesse escolha se vai expor seus filhos a isso. Pessoalmente, quero que meus filhos aprendam sobre todas as religiões. Se você quiser que seus filhos sejam criados como cristãos, há muitas escolas dominicais nas igrejas”, reclamou o pai.
Ao jornal The Guardian, outro pai teria feito mais ponderações: “Reconhecemos e respeitamos os valores cristãos da escola, mas pensamos que há uma marca de cristianismo que está abusando desse respeito. A base de nossa queixa relaciona-se exclusivamente com as preocupações sobre o bem-estar e segurança das crianças que acreditamos estarem expostas a uma ideologia potencialmente prejudicial”.
A crítica, no entanto, não é clara e objetiva sobre o que, especificamente, teria incomodado pais e alunos. Diante disso, o diretor da ONG resumiu as queixas à percepção dos pais que acreditam que seus filhos foram “expostos a crenças extremistas” e ficaram chateados e perturbados emocionalmente.
“Eu não acredito que a Crossteach tenha feito algo errado”, comentou Turvey. “Eles não merecem ter seu bom nome manchado e as acusações de extremismo que ocorreram nos últimos meses”, acrescentou, dizendo-se “profundamente triste”.