Fotógrafo impedido de realizar trabalho recebeu apoio de associações de jornalistas, jornais e advogados.
O profissional só foi libertado após policiais, acionados pelo jornal, comunicarem os funcionários do templo que, se não houvesse a liberação imediata, invadiriam o prédio e prenderiam os responsáveis.
Entidades que representam jornalistas, jornais e advogados manifestaram hoje (5); repúdio à atitude de um pastor e de seguranças da Igreja Universal do Reino de Deus da Avenida João Jorge, no Centro de Campinas, que mantiveram o repórter-fotográfico Gustavo Magnusson, da Rede Anhanguera de Comunicação (RAC), em cárcere privado durante cerca de 30 minutos ontem (4).
O fotógrafo registrava a queda de blocos de gesso que revestem o teto do templo quando foi abordado por seguranças e pelo pastor Carlos, que o ameaçaram e pediram a entrega do material fotográfico como condição para sua libertação. O profissional só foi libertado após policiais, acionados pelo jornal, comunicarem os funcionários do templo que, se não houvesse a liberação imediata, invadiriam o prédio e prenderiam os responsáveis.
Em nota oficial, o Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, a regional do sindicato em Campinas e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) repudiaram a tentativa de intimidação.
A nota alerta o Judiciário e o Superior Tribunal de Justiça sobre ações que se multiplicam a fim de inibir o trabalho de jornalistas no país. ‘Ao agir desta forma a Igreja Universal não respeita os princípios democráticos que regem este país e, portanto, sua atitude não pode e não deve ficar impune’, disse o texto.
A nota afirma ainda que o Sindicato dos Jornalistas, por meio da regional de Campinas, irá solicitar providências junto à Delegacia Seccional de Campinas. A presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Campinas, Tereza Dóro, também manifestou indignação com a atitude dos funcionários da Igreja Universal. De acordo com Tereza, igrejas são locais públicos, que devem ter a entrada livre quando estiverem de portas abertas. ‘Houve abuso e uma atitude violenta. Isso não pode acontecer e deve ser denunciado’, disse Tereza.
Para a Associação Nacional de Jornais (ANJ), o ato do pastor e dos seguranças é ‘intolerável’ . ‘A ANJ manifesta, mais uma vez, sua indignação contra a atitude de pessoas que, a qualquer título, pretendam cercear os diretos de ir e vir de um cidadão, do livre exercício da profissão de jornalista e de a sociedade ser devidamente informada’, afirmou o texto.
Laudo
A Prefeitura de Campinas interditou hoje a área da Igreja Universal do Reino de Deus da Avenida João Jorge em que caiu o revestimento de gesso do teto ontem (4).
A administração municipal deu prazo de cinco dias para que engenheiros responsáveis pelo templo façam reparos no local e apresentem um laudo que ateste a estabilidade e segurança do prédio. A queda do revestimento de gesso ocorreu ontem, por volta das 19h30. Na hora, cerca de 200 pessoas assistiam a um culto. Ninguém ficou ferido.
A reportagem da Agência Anhanguera de Notícias entrou em contato hoje (5), por telefone, com a Igreja Universal da Avenida João Jorge. Uma pessoa que se disse responsável pelo templo afirmou que não faria qualquer declaração. Perguntas enviadas por e-mail à assessoria de imprensa da igreja também não foram respondidas até o fechamento desta edição.
Fonte: Cosmo / Gospel+