Conhecido nas redes sociais como Pastor Jack, o líder da Igreja Vintage, no Rio Grande do Sul, continua sendo alvo de reações após ter feito uma pregação associando outras religiões à adoração a demônios.
O líder evangélico está sendo alvo de uma representação criminal extrajudicial (não oficial) do Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro) e a da Associação Nacional de Juristas Islâmicos (Anaji).
As entidades acusam o Pastor Jack de ter feito “discurso de ódio”, o que vem sendo tratado como crime no Brasil, apesar do conceito ainda ser amplamente subjetivo e passível à manipulação ideológica.
O motivo diz respeito ao trecho de uma pregação, feita na Igreja Vintage, onde o pastor afirma que “religiões afros são satânicas. Budismo: demoníaco. Islamismo: demoníaco. Entenda você que está aqui: os demônios sempre farão promessas para você. Os demônios fazem promessas”.
“Umbanda, batuque, é demônio. ‘Ah, mas isso é por questão racial…’ Não. Religiões afro são satânicas. Budismo: demoníaco. Islamismo: demoníaco. Adoram um demônio. Allah é um demônio. Oxum, Ogum é um demônio”, declarou Jack na ocasião, argumentando que toda adoração que não é voltada exclusivamente para o Deus da Bíblia judaico-cristã, é dirigida a espíritos malignos.
“Criminoso”
Para os juristas da Idafro e da Anaji, no entanto, o Pastor Jack teria extrapolado o limite da liberdade religiosa. Eles notificaram a Igreja Vintage, extrajudicialmente, assim como a Meta, empresa dona do Instagram, para que um vídeo com a pregação polêmica seja removido da plataforma.
“Cristalinas, induvidosas e inequívocas, as mensagens induzem o receptor a concluir que islamismo, afro-religiosidade e budismo, coletividades que agregam milhões de brasileiros, seriam responsáveis por sofrimento, pobreza, insucesso pessoal, mortes e farsas”, afirmam no documento, segundo a Folha de S. Paulo.
“A reiteração de vitupérios tais como ‘demônio’, ‘satanás’ e ‘mundo espiritual maligno’ associadas às religiões islâmicas, afro-brasileiras e budistas refoge flagrantemente à narrativa proselitista, degenerando para o discurso de ódio religioso censurado constitucionalmente e reiteradamente reprimido por nossos tribunais”, argumentam os representantes das religiões.