Uma revelação chocante ocorreu neste sábado 23, feita por ninguém menos do que um dos líderes mais próximos ao Papa Francisco, líder máximo da Igreja Católica. Ele disse que os arquivos relacionados às denúncias de abuso sexual cometidos por líderes da Igreja foram simplesmente “destruídos, ou nem chegaram a ser criados”.
O cardeal é Reinhard Marx, que é presidente da Conferência Episcopal Alemã. Ele foi um dos que falaram aos 114 presidentes e vice-presidentes de conferências episcopais de todo o mundo, presentes no encontro de líderes realizado pela Igreja Católica, para apurar medidas contra o abuso sexual cometido por sacerdotes romanos.
O último encontro foi realizado no sábado (23), e Reinhard revelou que “os arquivos que poderiam ter documentado esses atos terríveis [de abuso sexual] e indicado os nomes dos responsáveis foram destruídos, ou nem chegaram a ser criados”, segundo informações do portal Terra.
Reinhard ainda criticou as medidas de proteção implantadas pela Igreja aos dados de casos suspeitos, sugerindo que é preciso haver maior transparência, já que a omissão termina favorecendo os acusados.
“Os processos e procedimentos estabelecidos para julgar os crimes foram deliberadamente ignorados, até mesmo cancelados ou anulados, e os direitos das vítimas foram pisados e deixados à mercê de cada indivíduo”, disse ele.
“Qualquer objeção baseada no segredo só seria relevante se fosse possível indicar razões convincentes”, mas que “como estão as coisas, não conheço essas razões”, acrescentou, defendendo que apenas em casos específicos é possível adotar medidas sigilosas.
O cardeal americano Sean Patrick O’Malley também seguiu a mesma linha de raciocínio do colega sacerdote, dizendo que nos casos de abuso é “importante rever todo o conceito de segredo pontifício”, para que seja feita “comunicação ao público do número de casos e os detalhes relativos aos mesmos, na medida do possível”