Uma nova descoberta arqueológica trouxe um pouco mais de luz e conhecimento sobre as narrativas bíblicas do Antigo Testamento: a escultura representando a cabeça de um rei foi encontrada em uma cidade que é mencionada como parte de disputas de território na Bíblia.
Os pesquisadores sublinharam que a descoberta da escultura – que tem cinco centímetros de altura e riqueza de detalhes – serviu para confirmar um período de tempo citado na Bíblia. Mas também fez surgir um novo mistério, pois ainda não há pistas sobre o rei que inspirou a peça.
Arqueólogos dos Estados Unidos e de Israel trabalham na resolução do quebra-cabeças, e já concluíram que a escultura é um exemplo raro de arte na região no século 9 a. C., período dos reis bíblicos. Um teste de marcação de carbono confirmou que a peça pertence a essa época, apesar de estar incrivelmente preservada.
De acordo com um relatório da Azuza Pacific University, responsável pela descoberta durante escavações na cidade de Abel-Bete-Maaca, a estátua é feita de faiança, material semelhante ao vidro e que foi popular em jóias e pequenas figuras humanas no antigo Egito e no Oriente.
O território de Abel-Bete-Maaca fica localizado ao sul da fronteira de Israel com o Líbano, perto da moderna cidade de Metula. Atualmente, o local abriga uma aldeia palestina chamada Abil al-Qamh, que tem o nome derivado da cidade mencionada no livro dos Reis, de acordo com arqueólogos do século 19.
“Esta localização é muito importante porque sugere que o local pode ter mudado de mãos entre essas organizações, mais provavelmente entre Aram-Damasco e Israel”, disse a arqueóloga da Universidade Hebraica, Naama Yahalom-Mack, que liderou a escavação em conjunto com a Universidade Azusa Pacific, da Califórnia, segundo informações do jornal The Washington Post.
Durante o século 9 a.C., a antiga cidade estava situada entre três potências regionais: o reino aramaico em Damasco, a cidade fenícia de Tiro e o reino israelita, com sua capital em Samaria. A cidade é mencionada em I Reis 15:20 como parte de um grupo de cidades que haviam sido atacadas pelo rei de Arameia, Ben-Hadade, em uma campanha contra o reino de Israel.
A peça já está em exibição no Museu de Israel em Jerusalém e em breve um relatório das pesquisas relacionadas será publicado na revista Near Eastern Archaeology. Eran Arie, curador da Idade do Ferro e Arqueologia Persa do Museu de Israel, classifica a descoberta como única: “Na Idade do Ferro, se existe alguma arte figurativa — e em grande parte não existe — é de muito baixa qualidade. E isso é de excelente qualidade”, comentou.
Yahalom-Mack observou que a estátua pode representar os reis bíblicos Ben-Hadade ou Hazael de Damasco, Acabe ou Jeú de Israel, ou Etbaal de Tiro. “Estamos apenas adivinhando aqui, é como um jogo. É como dizer um ‘olá’ ao passado, mas não sabemos mais nada sobre isso”, declarou, resumindo o novo enigma.
A equipe da Universidade Hebraica fará novas escavações no local para tentar localizar outros artefatos que ajudem a desvendar o enigma da escultura.